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DOSE HOMEOPÁTICA
Para setor produtivo, banco reduziu ritmo de queda da Selic; Iedi queria corte de quatro pontos percentuais
BC retarda ciclo de crescimento, diz Fiesp
ADRIANA MATTOS
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Maior entidade do setor industrial no país, a Fiesp voltou a adotar ontem o discurso em tom crítico em relação à decisão do governo de reduzir a taxa de juros em
dois pontos percentuais. Para a
direção da entidade, a medida
"retarda o ciclo de crescimento
que está para começar".
Na esteira das críticas da entidade, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e o Iedi (Instituto de Estudos sobre Desenvolvimento Industrial) disseram que a
redução poderia ter sido maior.
Todos os líderes do setor ouvidos
pela Folha cobraram uma redução imediata nas taxas cobradas
pelo bancos. E defenderam a adoção de uma forte pressão do governo nesse sentido.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) afirmou que esperava corte de, pelo
menos, 2,5 pontos percentuais.
"Nas condições atuais, com taxa
de desemprego próxima a 13% e
com a economia patinando, reduzir os juros em apenas dois pontos
percentuais é decisão que pouco
pode interferir sobre a confiança e
sobre as decisões de consumo e
investimento", diz o comunicado
assinado pelo presidente da federação, Horacio Lafer Piva.
Para Piva, a medida tomada ontem "retarda o ciclo de crescimento que está para começar". A entidade acredita que o atual momento econômico que o país atravessa
seja favorável a reduções nas taxas
porque não há sinais de descontrole inflacionário.
Na sua avaliação, o setor industrial e o comércio têm feito o possível para desovar estoques, mas,
apesar disso, não têm tido muito
sucesso em estimular vendas,
principalmente o varejo. Portanto
uma queda acelerada nas taxas
poderia mudar esse cenário.
Em agosto, quando a taxa caiu
2,5 pontos percentuais, a Fiesp
adotou discurso menos crítico.
"Podia ser maior"
Na avaliação de Julio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi, a redução nos juros básicos "podia ser maior". A entidade, diz, esperava um corte de quatro pontos percentuais na Selic.
"Tinha espaço. As condições externas e internas são boas. Seria
uma forma de animar o consumidor, que ainda não reagiu com as
medidas do mês passado, com
impacto zero na inflação", diz.
Segundo Almeida, o consumo
deve reagir nos últimos três meses
do ano, mas será "uma reação só
em bens de consumo duráveis".
O diretor elogiou os pacotes de
incentivo ao consumo que o governo anunciou nos últimos dias.
Mas ressalvou que "são medidas
importantes, mas auxiliares. O
problema é resolvido apenas com
redução de juros".
O presidente da CNI, Armando
Monteiro Neto, classificou de
conservador o corte do Copom.
"Acho que a decisão poderia ter
ido além, pois havia espaço para
uma redução maior. Há sinais claros de que a inflação está sob controle e converge para as metas do
governo." Ele disse esperar a queda dos juros nos próximos meses.
Representantes das indústrias
têxtil e de plásticos, além de lideranças do varejo, no entanto,
apoiaram -de forma menos crítica- a decisão, pois "não adianta ficar reclamando", disseram.
Segundo Paulo Skaf, presidente
da Abit, que representa o setor
têxtil, "é óbvio que as taxas poderiam cair ainda mais", mas o ritmo atual mostra que é possível
chegar ao fim do ano com a Selic
perto de 15%. Para ele, o governo
está cauteloso para evitar riscos.
"É necessária sim, uma queda
nas taxas cobradas pelo banco e
que o governo fique atento a isso."
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