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Para o Fundo, economia global deve
crescer, mas levada por déficits
DO ENVIADO ESPECIAL A DUBAI
A economia global mostra sinais "consistentes" de recuperação e deve crescer 3,2% neste ano
e 4,1% em 2004, prevê o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
em seu relatório "Perspectivas para a Economia Mundial".
A melhora, no entanto, ocorre
apoiada em déficits "preocupantes" nas principais economias do
mundo e capazes de interromper
a retomada, afetando especialmente mercados emergentes como o Brasil e a América Latina.
Os EUA, diz o Fundo, continuam sendo o "principal motor"
da atual recuperação, mas o Japão, a segunda economia do planeta, começa a dar os primeiros
sinais de retomada após quase
uma década de estagnação.
As previsões para a economia
norte-americana são de crescimento de 2,6% neste ano e 3,9%
no ano que vem. Em relação ao
relatório do Fundo de abril, as expectativas foram revisadas para
cima em 0,4 ponto percentual
neste ano e 0,3 ponto em 2004.
Os resultados são bem superiores aos 0,5% e 1,9% previstos em
2003 e 2004, respectivamente, para a zona do euro. As três grandes
economias da região (Alemanha,
França e Itália) ficarão abaixo de
1% neste ano e terão uma recuperação ainda tímida em 2004, de
1,5% a 2% no período.
Segundo o FMI, a América Latina e outros emergentes voltam a
experimentar um "período de estabilização" e um "significativo
retorno da confiança" de investidores estrangeiros.
Os investimentos privados para
os principais países emergentes
devem somar US$ 110 bilhões
neste ano, o maior montante desde meados dos anos 90.
Mas a boa fase pode ser passageira. Os emergentes, recomenda
o FMI, deveriam aproveitar o momento para promover ajustes. O
Brasil pode ser um dos grandes
beneficiados do novo fluxo de capitais. Mas o país ainda projeta
um crescimento esquálido, de
1,5% neste ano e de apenas 3% em
2004, abaixo da maioria de outros
emergentes e até mesmo da média africana, de 3,7% neste ano.
O relatório com as análises, divulgado em Dubai, nos Emirados
Árabes, marcou o início da segunda reunião geral anual do Fundo
Monetário Internacional.
Nos próximos dias, representantes do Brasil e do FMI devem
discutir em Dubai a possibilidade
do fechamento de um novo acordo para substituir o atual, que garantiu US$ 30 bilhões ao país e
que expira no final do ano.
Detalhes sobre o entendimento
selado há poucos dias entre a Argentina e o FMI também devem
emergir nos próximos dias.
Embora o tom do novo estudo
do FMI seja otimista, bem mais
do que o do relatório de abril, as
previsões são pontuadas por "riscos e apreensões".
O principal alerta do Fundo é
que a atual retomada de investimentos em vários setores "pode
não se sustentar" e que as economias desenvolvidas carregam hoje déficits fiscais e em conta corrente "pesados" -que são a base
da atual recuperação- e eles podem levar a um "aumento significativo" nos juros de longo prazo,
principalmente nos EUA, hoje em
1% ao ano.
Um movimento nesse sentido
drenaria boa parte dos dólares
que hoje financiam as economias
endividadas emergentes e que
vêm sustentando cotações de
moedas como o real.
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