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BB mira bancos públicos para manter a liderança
Com expansão de concorrentes privados, banco vê novas aquisições como estratégicas
Mas membros do governo não concordam com compra pelo BB de bancos públicos em programa de desestatização, como Besc
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A movimentação do banco
Santander para comprar o ABN
agitou a área financeira e acendeu a luz amarela no Banco do
Brasil. Controlado pela União,
o BB, agora, tenta acelerar as
negociações para adquirir bancos estaduais e não ficar para
trás na onda de fusões e aquisições do mercado que, além de
concentrá-lo, pode alterar posições no ranking do setor.
Segundo a Folha apurou,
apesar de serem instituições
pequenas ante as que estão
sendo negociadas na esfera privada, os bancos estaduais são
estratégicos para o BB conquistar uma clientela fiel e com
renda mais elevada: os servidores públicos. Com isso, quer
avançar num segmento em que
a concorrência é muito acirrada, e a possibilidade de ganhar
novos clientes, mais escassa.
De olho na administração da
folha de pagamento de Distrito
Federal, Santa Catarina e Piauí,
o BB quer driblar questões jurídicas e comprar BRB, Besc e
BEP. Além disso, a cúpula do
BB considera que essas operações quebrarão um tabu de
que, por ser um banco público,
o Banco do Brasil não pode adquirir outros bancos, como fazem seus concorrentes.
Mas gera controvérsia no governo a possibilidade de o BB
comprar o Besc e o BEP, bancos estaduais que foram incluídos no PND (Programa Nacional de Desestatização). A avaliação é que isso não seria uma
"desestatização". Fala-se em
fazer uma incorporação por
parte do BB, mas também há
um problema porque a legislação do Proes (o programa de
socorro aos bancos estaduais)
diz que a União poderia "adquirir o controle da instituição financeira exclusivamente para
privatizá-la ou extingui-la".
Por isso, executivos do BB
acreditam que a negociação
com o BRB possa avançar mais
rapidamente. Depois de denúncias de corrupção envolvendo o banco, o governador
José Roberto Arruda (DEM-DF) já fala em vendê-la.
Em jogo está a liderança do
mercado bancário. Nos últimos
anos, o BB manteve uma posição confortável no topo do ranking, mas os seus concorrentes
vêm se aproximando rapidamente. A guerra por posições
faz com que os bancos contestem até mesmo as estatísticas
do Banco Central.
Isso porque, dependendo de
como são contabilizados os ativos, um banco pode perder posição para a concorrência. É o
que acontece com o Bradesco,
por exemplo. Há anos ostentando o título de maior banco
privado do país, a instituição
está em segundo lugar entre os
bancos privados e em quarto
no geral, segundo o ranking das
50 maiores instituições elaborado pelo BC, atrás de BB, Itaú
e Caixa Econômica Federal.
Essa classificação, porém, é
questionada por executivos da
área financeira porque não inclui todas as operações dos
bancos como previdência, capitalização e seguros. Quando
consideradas, o Bradesco volta
para a liderança do setor privado e para o segundo lugar na
classificação geral do BC.
Além do Besc e do BEP, que
esperam para serem privatizados, e do BRB, outras seis instituições públicas se tornam alvo
da disputa por posições no ranking do sistema financeiro: Banrisul (RS), Nossa Caixa (SP),
Banpará (PA), Banestes (ES),
Bandes (ES) e Banese (SE).
O Banrisul se tornou uma
fonte de financiamento do governo do Rio Grande do Sul nos
últimos quatro anos, garantindo o pagamento do 13º salário
aos servidores. Com as finanças estaduais em crise -a projeção é um déficit orçamentário de R$ 1,3 bilhão em 2007 -,
o governo abriu o capital do Banrisul, em julho, mas o secretário estadual da Fazenda, Aod
Cunha de Moraes Júnior, disse
que não está nos planos do governo privatizá-lo.
O governo do Espírito Santo
diz que não planeja se desfazer
do Banestes. Segundo afirmou
o secretário da Fazenda, José
Teófilo, "o governo do Espírito
Santo pretende abrir o capital
[do Banestes], mas sem direito
a voto e mantendo o banco como propriedade do governo",
disse a instituição, por meio de
sua assessoria.
Colaborou SIMONE IGLESIAS ,
da Agência Folha, em Porto Alegre
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