São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Ainda há espaço para cortar juro, afirma Mantega

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O real valorizado, o aumento da inflação e uma eventual interrupção da trajetória declinante do juro básico no Brasil estiveram ontem no centro das discussões do 4º Fórum de Economia, coordenado pela Fundação Getulio Vargas e que termina hoje em São Paulo.
Os pontos foram colocados por economistas e empresários como as grandes incógnitas da sustentabilidade da atual fase de crescimento do país. O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que "há espaço" para novos cortes na Selic e que o crescimento atual "é perfeitamente sustentável".
Yoshiaki Nakano, professor da FGV-SP, disse que "pela primeira vez" o Brasil vem passando por um processo que não é a repetição de "recuperações e crises". Mas afirmou que o atual cenário pode mudar.
"Se não houver mudança na atual sistemática da política monetária e o BC elevar os juros por conta do risco de inflação, podemos acabar antecipando o colapso do atual surto de crescimento."
Nakano citou um estudo coordenado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) entre 47 países que mostrou que, ao longo de vários anos, apenas em 12 casos houve sustentabilidade a longo prazo do crescimento. "Após cinco ou seis anos, o mais comum é o colapso", disse.
No caso brasileiro, o agravante seria a atual valorização do real. "Nos 12 países que se saíram bem, havia sobrevalorização média da taxa de câmbio de 18%."
Nakano e outros participantes mostraram preocupação com o atual ritmo da inflação. O empresário Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, disse que é "inoportuno" combater a inflação com mais peso às importações. "Um país com a dimensão do Brasil, com grandes fronteiras, não pode se dar a esse luxo. Cada vez que se opta pela importação, se opta pelo contrabando."
Nelson Barbosa, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, afirmou que o atual repique na inflação decorre principalmente de fatores internacionais e sazonais.
Já no caso da alta nos preços do setor de serviços é produto, segundo ele, da maior demanda gerada pelo aumento das verbas de programas sociais à população de menor renda. "São impactos temporários", disse.


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