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Ainda há espaço para cortar juro, afirma Mantega
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O real valorizado, o aumento da inflação e uma
eventual interrupção da trajetória declinante do juro básico no Brasil estiveram ontem no centro das discussões
do 4º Fórum de Economia,
coordenado pela Fundação
Getulio Vargas e que termina
hoje em São Paulo.
Os pontos foram colocados por economistas e empresários como as grandes
incógnitas da sustentabilidade da atual fase de crescimento do país. O ministro
Guido Mantega (Fazenda)
afirmou que "há espaço" para novos cortes na Selic e que
o crescimento atual "é perfeitamente sustentável".
Yoshiaki Nakano, professor da FGV-SP, disse que
"pela primeira vez" o Brasil
vem passando por um processo que não é a repetição
de "recuperações e crises".
Mas afirmou que o atual cenário pode mudar.
"Se não houver mudança
na atual sistemática da política monetária e o BC elevar
os juros por conta do risco de
inflação, podemos acabar antecipando o colapso do atual
surto de crescimento."
Nakano citou um estudo
coordenado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional)
entre 47 países que mostrou
que, ao longo de vários anos,
apenas em 12 casos houve
sustentabilidade a longo prazo do crescimento. "Após
cinco ou seis anos, o mais comum é o colapso", disse.
No caso brasileiro, o agravante seria a atual valorização do real. "Nos 12 países
que se saíram bem, havia sobrevalorização média da taxa
de câmbio de 18%."
Nakano e outros participantes mostraram preocupação com o atual ritmo da
inflação. O empresário Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, disse que é "inoportuno" combater a inflação com mais peso às importações. "Um país com a dimensão do Brasil, com grandes fronteiras, não pode se dar a esse luxo. Cada vez que
se opta pela importação, se
opta pelo contrabando."
Nelson Barbosa, secretário
de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, afirmou que o atual
repique na inflação decorre
principalmente de fatores
internacionais e sazonais.
Já no caso da alta nos preços do setor de serviços é
produto, segundo ele, da
maior demanda gerada pelo
aumento das verbas de programas sociais à população
de menor renda. "São impactos temporários", disse.
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