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Indústria diminui em 40% preços do leite longa vida
Queda para o varejo só deve ser sentida pelo consumidor no início de outubro
Previsão é da associação de supermercados, devido aos estoques restantes; preço pago para o produtor pelo leite tipo C continua em alta
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
A Associação Brasileira de
Leite Longa Vida se antecipou a
uma provável diminuição no
preço da matéria-prima nas
próximas semanas e reduziu,
em média, em 40% o preço do
produto vendido para o varejo.
Segundo Wellington Braga,
presidente da entidade que representa cerca de 80% do volume produzido no país, a queda
vem acontecendo gradualmente há cerca de 40 dias. "Passamos a operar no prejuízo", afirma, referindo-se à contabilidade de agosto, o que é possível
graças à margem de lucro obtida em vários meses anteriores.
"Entre maio e junho, a indústria chegou a ofertar 20% menos [leite longa vida] para o varejo", contabiliza. O estoque
não ultrapassa 20 dias. Braga
explica que o produto tem que
ficar sete dias "de quarentena"
e, num ciclo equilibrado de
oferta e demanda, no oitavo dia
já está no mercado. A validade
varia de quatro a seis meses.
O presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda, avalia
que, por conta dos estoques na
redes, o consumidor deve perceber a diferença no item nas
prateleiras no início de outubro. Ele explica que o varejo
costuma fazer um preço médio
dos produtos em estoque, para
compensar os itens comprados
por valores diferentes.
O Wal-Mart afirmou que o
leite longa vida teve uma redução de 30% no preço ao consumidor em suas unidades nos últimos 40 dias, mas isso se deve
"não somente à tendência de
queda de preços do produto no
mercado mas também à política de preços da empresa". De
janeiro a agosto deste ano, com
relação ao mesmo período do
ano passado, a rede informou
que as vendas cresceram 30%.
No Índice de Preços ao Consumidor, que faz parte do IGP-10 divulgado ontem, o leite longa vida ainda aparece entre as
cinco principais influências para o aumento da inflação neste
mês, com variação de 1,65%, ao
lado do em pó (10,42%). Porém,
nos três meses anteriores, o
acréscimo no tipo longa vida tinha ultrapassado dois dígitos.
Levantamento do Cepea
(Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada) da
USP mostra que o preço pago
pelo leite tipo C ao produtor em
agosto, referente à produção de
julho, continuava em alta
(11,8%). Ainda assim, houve um
acréscimo de 10,4% na produção -que sempre tem um comprador já definido- de junho
para julho, contra aumentos
em menor patamar no mesmo
período em 2006 (3,9%), 2005
(3,5%) e 2004 (2,2%).
A produção do leite, com pico
em dezembro, é baseada no
pasto. Quando cai a qualidade,
no período de poucas chuvas,
diminui a quantidade produzida. Por isso há entressafra e é
preciso investir em ração para
as vacas, o que aumenta o custo.
Com os preços em alta, o pesquisador do Cepea Gustavo Beduschi explica que há produtores que aumentam ou retomam a produção, e mais pessoas ficam estimuladas a entrar nesse
mercado, mas não há como
prever quando e se os preços
vão voltar aos patamares anteriores, já que a demanda mundial pelo produto continua
aquecida. Em agosto, segundo o
Cepea, o preço médio dos produtos lácteos exportados pelo
Brasil teve aumento de 8,4%
em relação ao mês anterior.
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