São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Indústria diminui em 40% preços do leite longa vida

Queda para o varejo só deve ser sentida pelo consumidor no início de outubro

Previsão é da associação de supermercados, devido aos estoques restantes; preço pago para o produtor pelo leite tipo C continua em alta

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

A Associação Brasileira de Leite Longa Vida se antecipou a uma provável diminuição no preço da matéria-prima nas próximas semanas e reduziu, em média, em 40% o preço do produto vendido para o varejo.
Segundo Wellington Braga, presidente da entidade que representa cerca de 80% do volume produzido no país, a queda vem acontecendo gradualmente há cerca de 40 dias. "Passamos a operar no prejuízo", afirma, referindo-se à contabilidade de agosto, o que é possível graças à margem de lucro obtida em vários meses anteriores.
"Entre maio e junho, a indústria chegou a ofertar 20% menos [leite longa vida] para o varejo", contabiliza. O estoque não ultrapassa 20 dias. Braga explica que o produto tem que ficar sete dias "de quarentena" e, num ciclo equilibrado de oferta e demanda, no oitavo dia já está no mercado. A validade varia de quatro a seis meses.
O presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda, avalia que, por conta dos estoques na redes, o consumidor deve perceber a diferença no item nas prateleiras no início de outubro. Ele explica que o varejo costuma fazer um preço médio dos produtos em estoque, para compensar os itens comprados por valores diferentes.
O Wal-Mart afirmou que o leite longa vida teve uma redução de 30% no preço ao consumidor em suas unidades nos últimos 40 dias, mas isso se deve "não somente à tendência de queda de preços do produto no mercado mas também à política de preços da empresa". De janeiro a agosto deste ano, com relação ao mesmo período do ano passado, a rede informou que as vendas cresceram 30%.
No Índice de Preços ao Consumidor, que faz parte do IGP-10 divulgado ontem, o leite longa vida ainda aparece entre as cinco principais influências para o aumento da inflação neste mês, com variação de 1,65%, ao lado do em pó (10,42%). Porém, nos três meses anteriores, o acréscimo no tipo longa vida tinha ultrapassado dois dígitos.
Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da USP mostra que o preço pago pelo leite tipo C ao produtor em agosto, referente à produção de julho, continuava em alta (11,8%). Ainda assim, houve um acréscimo de 10,4% na produção -que sempre tem um comprador já definido- de junho para julho, contra aumentos em menor patamar no mesmo período em 2006 (3,9%), 2005 (3,5%) e 2004 (2,2%).
A produção do leite, com pico em dezembro, é baseada no pasto. Quando cai a qualidade, no período de poucas chuvas, diminui a quantidade produzida. Por isso há entressafra e é preciso investir em ração para as vacas, o que aumenta o custo.
Com os preços em alta, o pesquisador do Cepea Gustavo Beduschi explica que há produtores que aumentam ou retomam a produção, e mais pessoas ficam estimuladas a entrar nesse mercado, mas não há como prever quando e se os preços vão voltar aos patamares anteriores, já que a demanda mundial pelo produto continua aquecida. Em agosto, segundo o Cepea, o preço médio dos produtos lácteos exportados pelo Brasil teve aumento de 8,4% em relação ao mês anterior.


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