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Arrecadação federal tem 10ª queda seguida
Mas o fisco avalia que já há sinais de recuperação por conta da melhora nos principais indicadores econômicos do país
No acumulado deste ano,
a arrecadação com tributos foi de R$ 432 bilhões, com queda real de 7,4% ante janeiro a agosto de 2008
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No período mais longo de
queda dos últimos 25 anos, a
receita tributária federal registrou em agosto o décimo mês
seguido de redução na comparação com igual mês de 2008. A
receita do governo federal atingiu R$ 52,068 bilhões em agosto, o que representa queda real
de 7,49% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Desde novembro do ano passado, período em que a atividade econômica deteriorou-se
por conta da crise financeira, a
arrecadação federal vem apresentando queda. No acumulado do ano, a soma da receita
com impostos e contribuições
ficou em R$ 432 bilhões. Esse
número, em termos reais, é
7,4% menor que o registrado
entre janeiro e agosto de 2008.
Apesar das sucessivas reduções no montante arrecadado,
a Receita Federal avalia que já
há sinais de recuperação por
conta da melhora nos principais indicadores da economia.
Mesmo assim, o fisco considera
que até dezembro ainda não será possível voltar ao azul. Ou
seja, a arrecadação continuará
caindo em relação a 2008.
"Há uma nítida recuperação
dos indicadores, e isso certamente se refletirá na recuperação da arrecadação. Mas não sei
se há neste ano possibilidade de
voltar para o azul", disse Raimundo Eloi de Carvalho, coordenador-geral substituto de
Estudos, Previsão e Análise.
Segundo ele, até agora a arrecadação vinha exibindo performance diferente das apresentadas pelos principais indicadores que influenciam a receita
tributária, que são vendas e lucro das empresas e produção
industrial. Esses indicadores
influenciam diretamente a arrecadação de PIS/Cofins, IR e
CSLL e IPI, respectivamente.
O descolamento ocorreu devido ao elevado volume de desonerações e compensações
autorizadas pelo governo na
política anticíclica de combate
à crise. Neste ano, as desonerações já somam R$ 17,3 bilhões e
as compensações, R$ 5 bilhões.
A expectativa do fisco é que as
desonerações atinjam R$ 25,2
bilhões até dezembro.
Por esse motivo, embora tenha havido melhora na atividade econômica, a arrecadação
continuava caindo. A partir de
agosto, avalia Carvalho, as curvas começaram a caminhar
juntas. "Mas ainda não sabemos quando as curvas voltarão
a se encontrar", acrescenta o
coordenador-geral.
Os dados da Receita mostram que o setor automotivo e
de combustíveis e as instituições financeiras foram os segmentos que mais contribuíram
para a queda na arrecadação.
Salvação
Um dos fatores que evitaram
redução maior da receita em
agosto foram as contribuições
previdenciárias, que cresceram
3,78% ante agosto de 2008.
Além disso, uma empresa depositou judicialmente R$ 1,75
bilhão, elevando o total das receitas administradas pelo fisco.
Carvalho afirmou que se trata de um depósito atípico, pois
o volume médio arrecadado
mensalmente com depósitos
judiciais é de R$ 800 milhões.
Ele não revelou o nome da empresa ou o setor de atuação.
Depósitos judiciais desde
1998 entram para o caixa do Tesouro, mas, ao final do processo, se a União for derrotada, o
governo precisa devolver o dinheiro ao contribuinte.
Outro fator que afetou a arrecadação, mas desta vez negativamente, foi o pagamento de
juros sobre o capital próprio de
uma empresa do setor de combustíveis -provavelmente a
Petrobras. Com o pagamento
de juros aos acionistas, a empresa pode deduzir o valor da
base de cálculo do IR. Com isso,
R$ 200 milhões deixaram de
ser arrecadados.
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