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Base aliada resiste à proposta de tributação de grandes poupanças
Para congressistas, é preciso encontrar alternativa para migração dos fundos
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes da base aliada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso resistem à tributação de 22,5% dos rendimentos de poupanças com saldo acima de R$ 50 mil. Todos
concordam que é preciso encontrar uma solução para barrar a migração dos investidores
para a caderneta, mas pedem
cautela e mais estudos do Ministério da Fazenda.
O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), alerta também para a possibilidade de os projetos
que tratam da regulamentação
do pré-sal saírem prejudicados,
caso realmente seja enviada
uma proposta de taxação das
cadernetas ao Congresso ainda
neste ano.
Em reunião com o ministro
Guido Mantega (Fazenda) anteontem, o petista fez um apelo
para que o governo esgote todos os estudos antes de enviar a
proposta. "Noventa e nove porcento das poupanças não serão
afetadas, mas, mesmo assim, eu
pedi ao ministro que ache maneiras diferentes", disse. Segundo Fontana, Mantega foi
"receptivo" aos argumentos
apresentados.
O líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza
(SP), segue na mesma linha.
Diz que é preciso encontrar
uma forma de barrar a mudança de investidores para a poupança, mas que uma medida a
curto prazo não é apropriada.
A princípio, o líder do PR e
relator da reforma tributária na
Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), também mostra resistência à tributação. Afirma que
é contra colocar algo neste sentido no bojo da reforma, mas
diz que vai estudar as razões
pelas quais o governo quer taxar a poupança.
Concordância
O assunto é um dos poucos
que agregam base e oposição.
Em um tom mais acalorado, lideranças de DEM, PSDB e PPS
também já manifestaram por
diversas vezes posição contrária à nova cobrança. Todos classificaram a ideia como "absurda" e afirmaram que farão de
tudo para barrá-la no Congresso Nacional.
"Todos já pagam uma taxa
muito pesada, isso é inadmissível", argumenta o senador tucano Álvaro Dias (PR).
Pelas regras elaboradas pelo
Ministério da Fazenda, a cobrança ocorreria na fonte. Ou
seja, mensalmente, antes de o
rendimento ser incorporado ao
saldo da conta poupança, haveria um desconto de 22,5%. No
caso de poupadores com mais
de uma aplicação cuja soma ultrapasse R$ 50 mil, a cobrança
do imposto seria feita na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda.
Em maio, o governo já anunciara um projeto para taxar a
poupança como forma de manter a atratividade dos fundos de
renda fixa. A proposta apresentada agora, no entanto, simplifica o texto original.
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