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TENSÃO PRÉ-COPOM
Presidente acha que nova meta fiscal dispensa juros maiores
Lula dá sinal contra nova alta da Selic
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva já sinalizou para o Copom
(Comitê de Política Monetária)
que é contra aumento de juros na
reunião que começa amanhã e
termina na quarta-feira. Ele teme
prejudicar a retomada do crescimento econômico.
A Folha apurou que o ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
intermedeia algum tipo de acordo
entre Lula e o Copom. A taxa básica de juros, a Selic, está hoje em
16,25% ao ano. Um interlocutor
de Lula afirmou que ""vai ter confusão", ao relatar qual seria a reação do presidente a uma nova alta
da taxa, ainda que pequena, como
0,25 ponto percentual.
Apesar de Palocci e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, terem dito de público que o recente aumento da
meta de superávit primário deste
ano, de 4,25% para 4,5%, não significa freio imediato aos juros,
Lula não pensa assim. Aliás, foi
convencido a subir o superávit
primário (a economia do setor
público para pagar juros da dívida) com base no argumento de
que tal medida ajudaria a impedir
o aumento da taxa.
Mais: os sinais de queda da inflação levaram Lula a ouvir com
atenção opiniões de economistas
de que o BC está sendo ortodoxo
em excesso e que pode bombardear com uma nova alta da taxa
Selic a atual retomada do crescimento da economia. Lula ouviu
isso, por exemplo, do economista
e deputado federal Delfim Netto
(PP-SP), um crítico duro do BC.
A Folha apurou que Meirelles
relatou a Palocci que o clima no
Banco Central, especialmente de
três diretores mais pró-mercado,
é por uma elevação de 0,5 ponto
percentual. Meirelles avalia que
tem margem de manobra para
conseguir maioria para um aumento de 0,25. Manter a taxa inalterada, na avaliação do presidente
do BC, será difícil.
Com um "abacaxi" desses na
mão, Palocci conversou na sexta-feira com Lula para relatar o clima
no Copom. A Folha apurou que o
próprio ministro da Fazenda avalia que uma alta não se justifica,
mas ele prefere aceitar um aumento a questionar a autoridade
do Copom. Palocci julga que fazer
das reuniões do Copom cavalos-de-batalha atrapalha a política
econômica.
Se houver aumento da taxa, o
presidente vai chiar nos bastidores. A Folha apurou que ele disse
a Palocci que não quer que o BC
mine o crescimento econômico.
De público, a reação mais provável de Lula e de Palocci será
manter o discurso de que a fixação da Selic é decisão puramente
técnica, sem influência política. O
Copom, que fixa mensalmente a
taxa de juros, tem nove membros.
No momento opera com oito porque aguarda que o Senado sabatine o novo diretor de Política Monetária, Rodrigo Azevedo.
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