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Por que o governo não consegue controlar a cotação do dólar?
O câmbio é o preço mais importante da economia, mais
ainda em países, como o Brasil,
cujas moedas não são aceitas
como pagamento de importações ou pagamento de dívidas
com o exterior.
O preço do dólar afeta o comércio, a inflação, as contas do
governo, o crescimento econômico e a popularidade dos governantes.
Ainda assim, o governo passou os últimos anos tentando,
sem sucesso, segurar a valorização do real -e as últimas semanas tentando, também inutilmente, deter a disparada do
dólar. Devido a essa incapacidade, proclama-se oficialmente, desde 1999, que o câmbio é
livre no Brasil.
Não é difícil entender: o mercado de câmbio é o maior dos
mercados financeiros, com movimento diário de US$ 3 trilhões a US$ 4 trilhões que podem ir de um extremo a outro
do planeta em alguns segundos.
Mesmo as nada desprezíveis
reservas de US$ 200 bilhões
acumuladas pelo Banco Central poderiam virar farelo se o
governo tentasse, como no passado, administrar sua taxa de
câmbio em um cenário de livre
fluxo de capitais.
Para manter o câmbio, o governo precisa atender aos movimentos de compra e venda do
mercado: se falta dólar, precisa
vender suas reservas para ampliar a oferta e evitar uma disparada das cotações; se sobra,
compra o excesso para manter
o preço estável.
Nos últimos meses de câmbio administrado, o país precisava paralisar sua economia
com juros de 40% ao ano na
tentativa de atrair os dólares
necessários.
Mas esse não é um caso de incompetência nacional. Os Estados Unidos e o Japão adotaram
o câmbio flutuante na década
de 70, e a Europa, nos 90.
Onde houve liberdade, o fluxo de capitais derrubou o sistema de cotações que havia sido
acertado entre os países na
conferência de Bretton Woods,
em 1944 -a última iniciativa de
controle das finanças globais,
sempre lembrada em tempos
de crise e esquecida logo depois.
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