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PETRÓLEO
Siderúrgicas e estaleiros brasileiros não trabalham com o tipo de aço especificado para as plataformas P-51 e P -52
Licitação da Petrobras favorece estrangeiro
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A licitação da Petrobras para
construir as plataformas P-51 e P-52, que está em andamento, corre
o risco de ser interrompida. Técnicos ligados a empresas nacionais que atualmente participam
da concorrência afirmam que há
aspectos na disputa que dificultam a possibilidade de as unidades, que devem custar mais de
US$ 1 bilhão, serem construídas
no Brasil.
Técnicos ligados ao PT e à indústria do petróleo já examinam
alternativas legais para questionar
na Justiça o prosseguimento da
disputa nas bases atuais. Durante
a campanha eleitoral, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva,
gravou sua participação no primeiro programa do horário eleitoral gratuito diretamente de um
estaleiro nacional, demonstrando
ser contra a Petrobras encomendar plataformas de empresas estrangeiras.
Um dos pontos considerados
pelos técnicos como "uma pedra
no caminho" das pretensões da
indústria nacional é o fato de o tipo de aço que será usado para fazer a maior parte dos cascos das
plataformas não ser, segundo
eles, fabricado no Brasil.
O aço tem a especificação NV-40. Segundo os técnicos, ele só é
produzido na Noruega, Alemanha e Inglaterra. A empresa Aker,
responsável pelos projetos das
duas plataformas, é norueguesa.
Procuradas pela Folha, as siderúrgicas Usiminas e Cosipa, que
fabricam aços navais no Brasil,
não confirmaram que não produzem esse tipo de produto. Segundo elas, seus técnicos teriam de
examinar mais detalhadamente
as especificações do aço previsto
na licitação para dizer se podem
ou não fabricá-lo. Em um catálogo da Usiminas examinado pela
Folha não consta o aço NV-40.
Custos de importação
De acordo com um técnico,
mesmo que um estaleiro brasileiro importasse as cerca de 24 mil
toneladas de aço necessárias para
fazer os cascos, teria de importar
também os eletrodos necessários
para soldar as chapas.
Teria ainda de treinar operários
especialmente capacitados para
trabalhar com esses materiais.
Com isso, uma proposta de empresa brasileira para tentar vencer
a licitação sairia mais cara.
Procurada pela Folha, a Petrobras não quis comentar o assunto.
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