São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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PETRÓLEO

Siderúrgicas e estaleiros brasileiros não trabalham com o tipo de aço especificado para as plataformas P-51 e P -52

Licitação da Petrobras favorece estrangeiro

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A licitação da Petrobras para construir as plataformas P-51 e P-52, que está em andamento, corre o risco de ser interrompida. Técnicos ligados a empresas nacionais que atualmente participam da concorrência afirmam que há aspectos na disputa que dificultam a possibilidade de as unidades, que devem custar mais de US$ 1 bilhão, serem construídas no Brasil.
Técnicos ligados ao PT e à indústria do petróleo já examinam alternativas legais para questionar na Justiça o prosseguimento da disputa nas bases atuais. Durante a campanha eleitoral, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, gravou sua participação no primeiro programa do horário eleitoral gratuito diretamente de um estaleiro nacional, demonstrando ser contra a Petrobras encomendar plataformas de empresas estrangeiras.
Um dos pontos considerados pelos técnicos como "uma pedra no caminho" das pretensões da indústria nacional é o fato de o tipo de aço que será usado para fazer a maior parte dos cascos das plataformas não ser, segundo eles, fabricado no Brasil.
O aço tem a especificação NV-40. Segundo os técnicos, ele só é produzido na Noruega, Alemanha e Inglaterra. A empresa Aker, responsável pelos projetos das duas plataformas, é norueguesa.
Procuradas pela Folha, as siderúrgicas Usiminas e Cosipa, que fabricam aços navais no Brasil, não confirmaram que não produzem esse tipo de produto. Segundo elas, seus técnicos teriam de examinar mais detalhadamente as especificações do aço previsto na licitação para dizer se podem ou não fabricá-lo. Em um catálogo da Usiminas examinado pela Folha não consta o aço NV-40.

Custos de importação
De acordo com um técnico, mesmo que um estaleiro brasileiro importasse as cerca de 24 mil toneladas de aço necessárias para fazer os cascos, teria de importar também os eletrodos necessários para soldar as chapas.
Teria ainda de treinar operários especialmente capacitados para trabalhar com esses materiais. Com isso, uma proposta de empresa brasileira para tentar vencer a licitação sairia mais cara.
Procurada pela Folha, a Petrobras não quis comentar o assunto.


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