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Pretos e pardos só são maioria do mercado na construção civil e como domésticos
DA SUCURSAL DO RIO
Apenas em duas atividades
os pretos e pardos são a maioria
dos trabalhadores: a da construção civil, tipicamente masculina, e de domésticas, composta majoritariamente por
mulheres. Em comum, as duas
têm rendimentos baixos.
Os pretos e pardos são 55,4%
dos ocupados na construção e
57,8% dos trabalhadores domésticos. Na indústria, onde
estão os maiores rendimentos,
são 39,3% e 60% de brancos.
Apesar de serem a maioria na
construção civil, os pretos e
pardos recebem 41,9% menos
que os brancos empregados naquela atividade. A renda média
era de R$ 714,45 -a dos brancos estava em R$ 1.369,25. No
caso das domésticas, a diferença de renda era menor: as pretas e pardas ganhavam R$
354,94, 12,4% menos que as
brancas (R$ 405,39). Na indústria, os pretos e pardos recebiam 47,8% menos -R$ 714,45,
enquanto o rendimento dos
brancos era de R$ 1.369,25.
Por ramos de atividade, o IBGE não separa as informações
por funções, o que poderia explicar a diferença de rendimento. Mas um outro dado sugere
que os brancos se ocupam nos
cargos de menor qualificação.
No grande grupo dos profissionais (inclui todos com ensino
superior), os brancos eram
79,9%. Os pretos e pardos,
17,9%. No de técnicos de nível
médio, os brancos eram 64,7%,
e os pretos e pardos, 34,4%.
Conforme cai a exigência de
formação profissional, sobe a
participação dos pretos e pardos: na categoria de comerciários e prestadores de serviços,
eles eram a maioria -51,7%,
ante 47,8% dos brancos.
Para Maria Lúcia Vieira, economista da Coordenação de
Trabalho e Rendimento do IBGE, uma das hipóteses para a
diferença de rendimento são as
profissões escolhidas. Mesmo
com nível superior, diz, os pretos e pardos podem fazer, por
exemplo, enfermagem ou assistência social, cuja renda é mais
baixa, e os brancos, medicina.
A maior diferença de renda
apareceu na categoria de serviços prestados a empresas, que
inclui de terceirizados de segurança e limpeza a corretores e
bancários e na qual os pretos e
pardos correspondiam a 34,6%
dos empregados. Eles ganhavam 51% menos que os brancos. A remuneração no comércio era 46,4% menor -na categoria, representavam 41,1%.
Entre todas as pessoas empregadas, os brancos correspondiam a 57,3%, contra 41,9%
dos pretos e pardos. Tal situação se reflete nas categorias de
ocupação: os brancos eram a
maioria entre os carteira assinada, sem-carteira e por conta
própria. Mas, entre os registrados, havia uma diferença mais
expressiva: 59,7% de brancos,
ante 39,8% de pretos. Nos sem-carteira, eram 54,5% e 44,6%,
respectivamente. Os pretos e
pardos com registro em carteira ganhavam 43,4% menos do
que os brancos.
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