São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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Pretos e pardos só são maioria do mercado na construção civil e como domésticos

DA SUCURSAL DO RIO

Apenas em duas atividades os pretos e pardos são a maioria dos trabalhadores: a da construção civil, tipicamente masculina, e de domésticas, composta majoritariamente por mulheres. Em comum, as duas têm rendimentos baixos.
Os pretos e pardos são 55,4% dos ocupados na construção e 57,8% dos trabalhadores domésticos. Na indústria, onde estão os maiores rendimentos, são 39,3% e 60% de brancos.
Apesar de serem a maioria na construção civil, os pretos e pardos recebem 41,9% menos que os brancos empregados naquela atividade. A renda média era de R$ 714,45 -a dos brancos estava em R$ 1.369,25. No caso das domésticas, a diferença de renda era menor: as pretas e pardas ganhavam R$ 354,94, 12,4% menos que as brancas (R$ 405,39). Na indústria, os pretos e pardos recebiam 47,8% menos -R$ 714,45, enquanto o rendimento dos brancos era de R$ 1.369,25.
Por ramos de atividade, o IBGE não separa as informações por funções, o que poderia explicar a diferença de rendimento. Mas um outro dado sugere que os brancos se ocupam nos cargos de menor qualificação. No grande grupo dos profissionais (inclui todos com ensino superior), os brancos eram 79,9%. Os pretos e pardos, 17,9%. No de técnicos de nível médio, os brancos eram 64,7%, e os pretos e pardos, 34,4%.
Conforme cai a exigência de formação profissional, sobe a participação dos pretos e pardos: na categoria de comerciários e prestadores de serviços, eles eram a maioria -51,7%, ante 47,8% dos brancos.
Para Maria Lúcia Vieira, economista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, uma das hipóteses para a diferença de rendimento são as profissões escolhidas. Mesmo com nível superior, diz, os pretos e pardos podem fazer, por exemplo, enfermagem ou assistência social, cuja renda é mais baixa, e os brancos, medicina.
A maior diferença de renda apareceu na categoria de serviços prestados a empresas, que inclui de terceirizados de segurança e limpeza a corretores e bancários e na qual os pretos e pardos correspondiam a 34,6% dos empregados. Eles ganhavam 51% menos que os brancos. A remuneração no comércio era 46,4% menor -na categoria, representavam 41,1%.
Entre todas as pessoas empregadas, os brancos correspondiam a 57,3%, contra 41,9% dos pretos e pardos. Tal situação se reflete nas categorias de ocupação: os brancos eram a maioria entre os carteira assinada, sem-carteira e por conta própria. Mas, entre os registrados, havia uma diferença mais expressiva: 59,7% de brancos, ante 39,8% de pretos. Nos sem-carteira, eram 54,5% e 44,6%, respectivamente. Os pretos e pardos com registro em carteira ganhavam 43,4% menos do que os brancos.


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