São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 2008

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Mercado vê dólar a R$ 2,10 no fim do ano

Há um mês, projeção era de R$ 1,90 para moeda, que ontem subiu 0,31%, a R$ 2,277; BC já gastou US$ 46 bi em intervenções

Bovespa alterna momentos de alta e baixa para encerrar pregão com queda de 0,2%; ação da Petrobras volta a recuar e perde mais 1,49%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a dificuldade que o dólar tem demonstrado para recuar, o mercado reviu para cima sua previsão para a moeda americana no fim deste ano.
Ontem o Banco Central apresentou sua última pesquisa feita com os bancos, que mostrou expectativa de dólar a R$ 2,10 no fim do ano. Há uma semana, projetava-se dólar a R$ 2,05.
Há um mês, a previsão, colhida junto a cem instituições financeiras era de que a moeda estivesse em R$ 1,90 em dezembro.
Para 2009, a projeção subiu de R$ 2,01 para R$ 2,10.
O dólar teve pequena elevação ontem: subiu 0,31% e encerrou vendido a R$ 2,277. No mês, a alta da moeda alcança 5,42%. No ano, a apreciação está acumulada em 28,14%. Na abertura do pregão, o dólar bateu em R$ 2,329, mas não se sustentou por muito tempo em patamar tão elevado.
A resistência do dólar para recuar para perto de R$ 2 tem ocorrido mesmo em um cenário de constantes intervenções por parte do Banco Central. A última vez que o dólar esteve abaixo dos R$ 2 foi no começo de outubro.
Henrique Meirelles, presidente do BC, disse ontem que a instituição já empregou US$ 46 bilhões nas suas intervenções no mercado de câmbio.
Até o último dia 14, US$ 30 bilhões foram destinados às operações de "swap", um título que paga a variação da moeda americana em determinado período em troca de juros; US$ 4,1 bilhões para linhas de crédito para operações de comércio exterior; e US$ 5,8 bilhões para vendas de dólares com compromisso de recompra. Os leilões à vista de divisas das reservas internacionais consumiram US$ 6,1 bilhões. "A intenção do BC não é controlar a taxa de câmbio. É prover liquidez, evitando distorções de preço devido à falta de liquidez", afirmou Meirelles.
As pesadas apostas dos investidores estrangeiros na manutenção do dólar em níveis elevados, como sinalizam as "posições vendidas" no mercado futuro, mostram que nem todos estão interessados em ver o real se apreciando. As posições líquidas vendidas em dólar dos estrangeiros na BM&F estão em seu pico, somando US$ 12,7 bilhões. Quanto mais elevada essas posições, maiores são as apostas na alta do dólar.
A Bovespa também tem sofrido com os investidores estrangeiros. Pelo sexto mês seguido, eles mais têm vendido que comprado ações. No mês, até o dia 13, o saldo das operações com capital externo na Bolsa estava negativo em R$ 1,24 bilhão. No ano, está negativo em R$ 24,3 bilhões.
Para a Bovespa, o primeiro pregão da semana foi de grande volatilidade. Após abrir em baixa, de 3,81% na mínima, a Bolsa se recuperou acompanhando o cenário americano e chegou a subir 1,63%. No fim do dia, subiu 0,20%, para 35.717 pontos.
O índice Ibovespa está com baixa de 44,09% neste ano.
O que ajudou os mercados a se afastarem das mínimas do início dos pregões foi a divulgação da produção industrial americana, que avançou 1,3% em outubro, surpreendendo parte do mercado, que esperava retração. Nos EUA, as Bolsas pioraram no fim do dia (após o fechamento da Bovespa) e encerraram com queda de 2,63% (Dow Jones) e 2,29% (Nasdaq).
A semana recheada de dados econômicos, com destaque para os índices de preços norte-americanos, tende a trazer muita oscilação aos mercados nos próximos dias.
A ação da Petrobras voltou a recuar ontem, em um ambiente de nova baixa do petróleo. O papel PN da estatal, o mais negociado da Bolsa, caiu 1,49%.


Colaborou DENYSE GODOY, da Reportagem Local


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