São Paulo, sexta, 18 de dezembro de 1998

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Para CNI, país só cumpre metas se desvalorizar o real em 15%

SHIRLEY EMERICK
da Sucursal de Brasília

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) avalia que o governo só conseguirá cumprir as metas acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para o próximo ano se desvalorizar o câmbio em cerca de 15%.
A entidade aponta que o sucesso do ajuste fiscal, com a redução do déficit público nominal (o quanto União, Estados, municípios e estatais, juntos, gastam acima de suas receitas), só será atingido com mudança na política cambial.
O acordo assinado com o Fundo prevê a queda do déficit de 8,1% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país) neste ano para 4,7% em 99.
Segundo o documento "Economia Brasileira - Desempenho e Perspectivas", a política cambial poderia ser alterada também pelo alargamento das bandas, com maior espaço de flutuação para o mercado ditar a taxa. Esses dois panoramas viabilizariam uma queda substancial nas taxas de juros (mantidas altas para equilibrar as contas externas), reivindicação recorrente do setor industrial.
Para provar que essa estratégia seria a mais acertada, a CNI justifica que o impacto sobre os preços seria reduzido por causa da prevalência de um ambiente recessivo no momento da mudança e da ausência da indexação.
A equipe econômica, no entanto, não vê o aumento da desvalorização do real com esse mesmo otimismo. O governo argumenta que uma desvalorização mais abrupta do real poderia provocar insegurança, mais fuga de capitais, a volta da inflação e uma recessão mais profunda que a estimada para 99.
A CNI, apesar de suas conclusões, acredita que o governo manterá a atual política da desvalorização gradual, com taxa nominal de 7,5% no ano em relação ao dólar. Nesse caso, segundo o texto, o cenário é de lenta superação da crise.



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