|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para CNI, país só cumpre metas se desvalorizar o real em 15%
SHIRLEY EMERICK
da Sucursal de Brasília
A CNI (Confederação Nacional
da Indústria) avalia que o governo
só conseguirá cumprir as metas
acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para o próximo ano se desvalorizar o câmbio
em cerca de 15%.
A entidade aponta que o sucesso
do ajuste fiscal, com a redução do
déficit público nominal (o quanto
União, Estados, municípios e estatais, juntos, gastam acima de suas
receitas), só será atingido com mudança na política cambial.
O acordo assinado com o Fundo
prevê a queda do déficit de 8,1% do
PIB (Produto Interno Bruto, soma
das riquezas produzidas no país)
neste ano para 4,7% em 99.
Segundo o documento "Economia Brasileira - Desempenho e
Perspectivas", a política cambial
poderia ser alterada também pelo
alargamento das bandas, com
maior espaço de flutuação para o
mercado ditar a taxa. Esses dois
panoramas viabilizariam uma
queda substancial nas taxas de juros (mantidas altas para equilibrar
as contas externas), reivindicação
recorrente do setor industrial.
Para provar que essa estratégia
seria a mais acertada, a CNI justifica que o impacto sobre os preços
seria reduzido por causa da prevalência de um ambiente recessivo
no momento da mudança e da ausência da indexação.
A equipe econômica, no entanto,
não vê o aumento da desvalorização do real com esse mesmo otimismo. O governo argumenta que
uma desvalorização mais abrupta
do real poderia provocar insegurança, mais fuga de capitais, a volta
da inflação e uma recessão mais
profunda que a estimada para 99.
A CNI, apesar de suas conclusões, acredita que o governo manterá a atual política da desvalorização gradual, com taxa nominal de
7,5% no ano em relação ao dólar.
Nesse caso, segundo o texto, o cenário é de lenta superação da crise.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|