Equipamento é o primeiro que permite queima de etanol para produzir energia elétrica comercialmente

Gerador será usado na usina termelétrica da Petrobras em Juiz de Fora e produzirá até 43,5 MW, suficientes para atender 30% da cidade

MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A norte-americana General Electric e a estatal Petrobras lançam hoje em Juiz de Fora, Minas Gerais, a primeira turbina do mundo movida a etanol para a produção de energia elétrica em escala comercial.
Resultado de três anos de pesquisa conjunta de GE e Petrobras, a turbina -modelo GE LM6000-PC Flex Fuel- tem capacidade para gerar 43,5 megawatts, suficientes para atender 150 mil pessoas, ou 30% da população de Juiz de Fora.
A turbina foi concebida originalmente para gás, mas teve seu combustor modificado para poder receber também o combustível de cana. As turbinas da GE do mesmo modelo movidas a diesel também poderão ser adaptadas para receber etanol, segundo a empresa.
Junto com uma segunda turbina a gás, que não foi convertida, a turbina flex produzirá energia para a usina termelétrica da Petrobras em Juiz de Fora. A capacidade total da usina é de 87 MW.

Eficiência
De acordo com a GE, a perda de eficiência do etanol em relação ao gás é "mínima" e não há perda de potência.
O ganho ambiental em relação ao gás é pequeno em termos de emissões, mas aumenta considerando que o etanol é um combustível renovável e o carbono emitido é absorvido na nova safra de cana-de-açúcar.
Já na comparação com turbinas movidas a diesel, o etanol reduz em aproximadamente 6% a emissão de dióxidos de carbono (CO2), não produz dióxido de enxofre (SO2) e reduz em 3% as emissões de óxidos de nitrogênio (NO2). Há ainda um ganho de 20 milhões de litros de água, usada no controle de emissões.
Ao reduzir a dependência de um só combustível, a turbina flex também aumenta a segurança energética e a confiabilidade da usina.
A GE já vendeu 770 turbinas do modelo LM6000, movidas a gás ou a diesel e que poderão ser convertidas para queimar também o etanol. Destas, 35 estão no Brasil (30 movidas a gás e cinco a diesel).
Dependendo da demanda, novas turbinas poderão ser fabricadas já com a tecnologia flex, seja alternando diesel e álcool ou gás e álcool.
As turbinas, que têm as dimensões aproximadas de uma turbina de avião, podem ser usadas tanto para a geração de energia quanto para a cogeração industrial.
"Esse é um grande passo na direção certa", afirmou à Folha o presidente da divisão de Turbinas a Gás Aeroderivadas da GE Power & Water, Darryl L. Wilson.
As turbinas são fabricadas na planta da GE em Houston, Texas. Questionado sobre a possibilidade de as turbinas virem a ser fabricadas na fábrica de revisão de turbinas da GE em Petrópolis, Wilson disse que isso vai depender da demanda pelo produto no país.
A Petrobras investiu R$ 45 milhões na pesquisa. A GE, que anunciou recentemente um projeto de criação de um centro de pesquisa no Brasil, forneceu a tecnologia, a engenharia e o suporte de campo.
O lançamento da nova turbina está previsto para hoje à tarde em Juiz de Fora e deve contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


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