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Pinguelli critica empresa e privatização
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Eletrobrás,
Luiz Pinguelli Rosa, não poupa
críticas à AES: "Nós temos de pagar nossos compromissos no exterior. Se faz corte orçamentário
[para isso". É preciso, também,
que a companhia pague. Quem
declarou que não paga foi a matriz, que falou que não irá colocar
nem mais um tostão na Eletropaulo. Deixou o BNDES a descoberto e ele tem o direito de agir".
Pinguelli disse que uma alternativa para o caso da Eletropaulo é a
AES entregar ativos no Brasil para
quitar o débito. Citou a AES Tietê
e a própria Eletropaulo, que, sozinha, não cobre o valor devido ao
banco -US$ 1,2 bilhão.
Segundo o presidente da Eletrobrás, os contratos de financiamento às privatizações das elétricas foram "absurdos, perniciosos,
mal-feitos e contra o interesse público".
Pinguelli afirmou que as controladoras estrangeiras, incluindo
a AES, conseguiram nos acordos
firmados com o BNDES "fazer
uma blindagem", tomando empréstimos por meio de empresas
criadas só com esse objetivo e "interpostas" entre elas e as concessionárias. Com isso, evitam que a
cobrança respingue nas matrizes,
dificultando o recebimento.
As afirmações de Pinguelli estão
relacionadas com o organograma
de controle da Eletropaulo. As
ações ordinárias da empresa pertencem à AES Elpa, com sede no
Brasil, que por sua vez tem 88,2%
do seu capital em poder de subsidiárias da AES Corp (a matriz do
grupo, nos Estados Unidos) nas
Ilhas Cayman e nas Ilhas Virgens
Britânicas, paraísos fiscais no Caribe. No organograma da Eletropaulo, a ligação com a matriz está
expressa apenas pela sigla AES.
Já as ações preferenciais que foram compradas com a ajuda de
recursos emprestados pelo
BNDES pertencem à Transgás
Ltda., com sede no Brasil, e à AES
Cemig Empreendimentos, com
sede nas Ilhas Cayman.
A Transgás, por sua vez, é controlada pela Transgas 1 Ltd e a
Transgas 2 Ltd, ambas sediadas
nas Ilhas Cayman. Essas duas, por
suas vezes, são ligadas às holdings
internacionais controladas pela
matriz norte-americana.
A interpretação de técnicos do
governo é que esse emaranhado
impede que a matriz seja acionada judicialmente, em caso de calote no BNDES. De acordo com Pinguelli, o governo estuda a validade
legal desse mecanismo e pode
contestá-lo na Justiça.
A AES Elpa informou que manter empresas com sede em Cayman e nas Ilhas Virgens é prática
de mercado. Isso ocorre porque a
legislação desses países facilita investimentos em compra de empresas. Destaca que a AES Elpa e a
Transgás, controladoras da Eletropaulo, são empresas brasileiras, com dívidas no Brasil.
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