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Fed eleva taxa de juro cobrada de bancos
Pela primeira vez desde o começo da crise, em 2007, BC dos EUA aumenta custo de empréstimo emergencial a instituições financeiras
Provável elevação da taxa básica de juros americana deverá provocar saída de investidores estrangeiros dos mercados emergentes
DA REDAÇÃO
O banco central dos EUA
(Federal Reserve, o Fed) deu
mais um passo ontem na sua
estratégia de retirar a ajuda
emergencial ao sistema financeiro, anunciando o aumento
na taxa de redesconto, que é a
linha de empréstimo emergencial aos bancos comerciais.
A taxa foi elevada em 0,25
ponto percentual, para 0,75%, e
ainda está distante dos níveis
pré-crise. A redução dessa taxa
foi uma das principais medidas
do Fed para aumentar a liquidez no sistema financeiro, ainda em agosto de 2007. Naquela
época, a taxa estava em 6,25%.
O último aumento dessa taxa
havia ocorrido em 2006.
Ao anunciar a medida, o BC
americano disse que a medida
não significa um aperto no crédito, mas que pretende incentivar as instituições a recorrer a
outras linhas de financiamento
que não a emergencial.
"Não se espera que as modificações levem a um aperto nas
condições financeiras para as
famílias e as empresas, e elas
não sinalizam qualquer mudança no cenário para a economia ou para a política monetária", afirmou o Fed.
Além disso, o BC disse que o
prazo para o pagamento desses
empréstimos voltará a ser de
um dia para o outro, e não mais
30 dias -como ele determinou
também em agosto de 2007.
Esses passos do Fed são vistos como um processo para a
retomada do aumento dos juros básicos, que há mais de um
ano estão no menor nível histórico (entre zero e 0,25%). Nas
últimas semanas, o Fed anunciou o fechamento e a redução
de valor emprestado de alguns
dos programas criados na crise
para não deixar o crédito secar.
"Como nós prevíamos, o uso
de muitos instrumentos de financiamento caiu expressivamente à medida que as condições financeiras melhoraram",
disse na semana passada o presidente do Fed, Ben Bernanke.
A operação de redesconto é
usada por bancos que se encontram momentaneamente com
problema de caixa, o que poderia levar a uma interrupção nas
operações e, consequentemente, causar uma crise em todo o
sistema. Ao reduzi-la, o Fed
passou a dar liquidez aos bancos, permitindo que eles pegassem dinheiro a taxas mais baixas, com a intenção de que não
reduzissem o crédito, freando a
economia como um todo.
Para analistas, a decisão do
Fed é um prenúncio de que ele
vai elevar a taxa de juros básica,
ainda que não no curto prazo.
Um aumento na taxa de juros
pode provocar uma saída dos
investidores estrangeiros dos
mercados emergentes (de
maior risco) como o brasileiro,
já que deixar o dinheiro nos
EUA vai ficar mais atraente.
"Hoje [ontem], eles aumentaram a taxa de redesconto e,
não amanhã ou no dia seguinte,
mas logo, vão elevar a taxa de
juros básica, já que a economia
está começando a se recuperar", disse Chris Rupkey, do
Bank of Tokyo-Mitsubishi.
"O Fed pode ficar falando o
dia todo que o aumento na taxa
de redesconto é uma medida
técnica, e não de política, mas o
mercado o considera um tiro de
alerta", completou Rupkey.
Para T.J. Marta, estrategista
de mercado da firma de pesquisa financeira Marta on the
Markets, ainda vai levar vários
meses para o BC norte-americano alterar a taxa básica de juros. "O Fed tomou medidas extraordinárias para impedir que
a economia implodisse durante
a crise. Agora que o perigo já
passou, ele pode retirar algumas dessas ajudas."
A alteração na política monetária, porém, não é um consenso porque a maior economia
mundial continua a dar sinais
contraditórios. O PIB, por
exemplo, cresceu nos últimos
dois trimestres do ano passado,
mas a taxa de desemprego está
em um dos níveis mais altos
desde o início da década de 80 e
os consumidores continuam a
enfrentar dificuldades para pegar dinheiro emprestado nos
bancos. "Isso [a ação do Fed ontem] é mais um caso de normalização do que um precursor de
mudanças na política monetária", afirmou Aaron Kohli, estrategista do RBS Securities.
O anúncio do Fed foi feito
ontem à noite, após o fechamento do mercado brasileiro,
que pode reagir negativamente
hoje.
Com agências internacionais e "Financial Times"
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