São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Presidente da AIG diz que pediu devolução de ao menos 50% dos bônus a executivos

DE NOVA YORK

O presidente da AIG (American International Group), Edward Liddy, disse ontem que procurou "evitar um colapso" da companhia ao autorizar, ainda no ano passado, o pagamento de US$ 165 milhões em bônus a executivos que ajudaram a quebrar a empresa. Afirmou ainda que espera vender boa parte dos ativos da empresa em quatro anos e que o nome AIG pode não permanecer.
Em depoimento no Congresso, Liddy incitou funcionários que tenham recebido pelo menos US$ 100 mil em bônus (298 no total) a devolver ao menos a metade à companhia. Os bônus pagos pela AIG vêm provocando uma revolta pública nos EUA. A empresa, que quebrou no ano passado, já recebeu US$ 173 bilhões em dinheiro público, e o governo dos EUA detém hoje 79,9% da companhia.
Liddy não recebeu bônus, pois foi indicado pelo governo para comandar a empresa no final do ano passado. Mas é questionado por ter autorizado o pagamento. "O povo norte-americano tem uma pergunta simples: como pagamos qualquer quantia a essas pessoas? Essa é a minha resposta: eu estava tentando desesperadamente evitar um colapso descontrolado da empresa", disse.
Ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que as pessoas "têm o direito de estar revoltadas (...) diante da ganância excessiva". Ele disse que o caso da AIG deveria abrir a possibilidade para que o governo dos EUA arbitre questões como a remuneração de executivos em algumas áreas.
Durante o "boom" do mercado imobiliário nos EUA, a AIG "emprestou", em troca de comissões, sua chancela "triple A" para papéis emitidos por bancos e lastreados em dívidas imobiliárias. Com isso, a empresa acabou se tornando responsável pelas perdas.
A AIG também atuou no mercado de "credit-default swaps" (CDS), instrumento financeiro que funciona como uma espécie de seguro para perdas de investidores. Como os CDS não eram regulados pelas autoridades, a AIG não fez o que realiza normalmente nas suas operações de seguro: provisões para eventuais perdas. E elas foram gigantescas.
O prejuízo da AIG em 2008 marcou um recorde absoluto entre as maiores perdas corporativas nos EUA. Perdeu cerca de US$ 99 bilhões. (FCZ)


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