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EXPANSÃO
Economia do país, porém, permanece abaixo da média da América Latina
Cepal eleva projeção de alta do PIB brasileiro para 3,5%
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com um cenário internacional
favorável e com prognósticos de
aumento da demanda interna, o
Brasil deve crescer 3,5% neste
ano, segundo a Cepal (Comissão
Econômica para a América Latina
e o Caribe).
A estimativa é superior à projeção anterior de 3%. Mesmo assim,
o prognóstico de alta do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro para 2006 está abaixo da média de
4,6% da América Latina.
No relatório divulgado ontem, a
Cepal aponta também outros fatores internos que devem alavancar o desempenho da economia
brasileira neste ano. Entre eles,
"os efeitos positivos que o ciclo
eleitoral" exercerá sobre a demanda interna e as perspectivas
de políticas expansivas por parte
da autoridade monetária (leia-se
mais cortes na taxa de juros promovidos pelo Banco Central) e
também no aspecto fiscal. Para
2007, a Cepal projeta uma alta de
3,7% na economia brasileira.
A projeção de crescimento da
agência de risco Fitch para o Brasil, anunciada ontem, coincide
com a da Cepal. Também nesse
cenário, o Brasil cresce aquém da
média de de 4,1% estimada para
os seus pares do continente.
A lista dos problemas que atravancam o crescimento da economia já é conhecida. Mas Roger
Scher, analista de crédito soberano para a América Latina da Fitch
em Nova York, resume a dois
pontos: o alto peso da dívida pública e o fato de o Banco Central
brasileiro não ter independência
formal.
"O Banco Central independente
aumentaria a confiança do mercado e, a médio prazo, isso faria a
taxa de juros baixar mais rapidamente. Hoje, o patamar de juros
reais no Brasil ainda é muito alto",
disse à Folha. Scher enfatiza que,
na comparação com os outros
países na sua classificação "BB", o
Brasil apresenta um nível de endividamento muito maior.
Riscos
Segundo a Cepal, a maioria dos
países da América Latina vai crescer neste ano a taxas entre 3% e
6%. Há, porém, duas exceções: a
Argentina (7,5%), a maior projeção de crescimento entre os latino-americanos, e a Venezuela
(7%). No caso argentino, o combustível da expansão do PIB tem
sido o incremento da demanda
interna e do volume de investimentos. Já a Venezuela se beneficia das altas da cotação do petróleo no mercado internacional.
Apesar dos prognósticos positivos, a Cepal chama a atenção para
os perigos que rondam a região.
"O principal fator de incerteza para a região são as possíveis mudanças na evolução da economia
dos EUA", destacou o relatório.
O mercado norte-americano é
um dos maiores consumidores
das exportações latino-americanas. Um motivo adicional para
preocupação é a crescente dependência que alguns países da América Latina desenvolveram de remessas de dinheiro de imigrantes
que trabalham nos EUA.
Mas, pelo menos em relação à
política monetária americana, os
países da América Latina podem
ficar mais tranqüilos. Ontem, o
Fed [banco central dos EUA]
anunciou que o fim do processo
de aperto monetário -leia-se aumento de juros-, iniciado no
ano retrasado, está próximo.
O analista da Fitch, entretanto,
afirma que, em 2007, uma queda
dos preços das commodities pode
ter um efeito mais grave na região.
Nos últimos anos, graças à forte
alta das cotações, a América Latina tem conseguido bons resultados na exportação.
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