São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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EXPANSÃO

Economia do país, porém, permanece abaixo da média da América Latina

Cepal eleva projeção de alta do PIB brasileiro para 3,5%

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um cenário internacional favorável e com prognósticos de aumento da demanda interna, o Brasil deve crescer 3,5% neste ano, segundo a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).
A estimativa é superior à projeção anterior de 3%. Mesmo assim, o prognóstico de alta do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro para 2006 está abaixo da média de 4,6% da América Latina.
No relatório divulgado ontem, a Cepal aponta também outros fatores internos que devem alavancar o desempenho da economia brasileira neste ano. Entre eles, "os efeitos positivos que o ciclo eleitoral" exercerá sobre a demanda interna e as perspectivas de políticas expansivas por parte da autoridade monetária (leia-se mais cortes na taxa de juros promovidos pelo Banco Central) e também no aspecto fiscal. Para 2007, a Cepal projeta uma alta de 3,7% na economia brasileira.
A projeção de crescimento da agência de risco Fitch para o Brasil, anunciada ontem, coincide com a da Cepal. Também nesse cenário, o Brasil cresce aquém da média de de 4,1% estimada para os seus pares do continente.
A lista dos problemas que atravancam o crescimento da economia já é conhecida. Mas Roger Scher, analista de crédito soberano para a América Latina da Fitch em Nova York, resume a dois pontos: o alto peso da dívida pública e o fato de o Banco Central brasileiro não ter independência formal.
"O Banco Central independente aumentaria a confiança do mercado e, a médio prazo, isso faria a taxa de juros baixar mais rapidamente. Hoje, o patamar de juros reais no Brasil ainda é muito alto", disse à Folha. Scher enfatiza que, na comparação com os outros países na sua classificação "BB", o Brasil apresenta um nível de endividamento muito maior.

Riscos
Segundo a Cepal, a maioria dos países da América Latina vai crescer neste ano a taxas entre 3% e 6%. Há, porém, duas exceções: a Argentina (7,5%), a maior projeção de crescimento entre os latino-americanos, e a Venezuela (7%). No caso argentino, o combustível da expansão do PIB tem sido o incremento da demanda interna e do volume de investimentos. Já a Venezuela se beneficia das altas da cotação do petróleo no mercado internacional.
Apesar dos prognósticos positivos, a Cepal chama a atenção para os perigos que rondam a região. "O principal fator de incerteza para a região são as possíveis mudanças na evolução da economia dos EUA", destacou o relatório.
O mercado norte-americano é um dos maiores consumidores das exportações latino-americanas. Um motivo adicional para preocupação é a crescente dependência que alguns países da América Latina desenvolveram de remessas de dinheiro de imigrantes que trabalham nos EUA.
Mas, pelo menos em relação à política monetária americana, os países da América Latina podem ficar mais tranqüilos. Ontem, o Fed [banco central dos EUA] anunciou que o fim do processo de aperto monetário -leia-se aumento de juros-, iniciado no ano retrasado, está próximo.
O analista da Fitch, entretanto, afirma que, em 2007, uma queda dos preços das commodities pode ter um efeito mais grave na região. Nos últimos anos, graças à forte alta das cotações, a América Latina tem conseguido bons resultados na exportação.


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