|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Schwab vê em
Brasil "claro
líder" na OMC
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
Se se comportar, nas reuniões
fechadas, com o mesmo espírito que manifesta publicamente, Susan Schwab, a nova comandante do comércio exterior norte-americano, tratará o
Brasil como "claro líder" nas
negociações comerciais em andamento, em especial na chamada Rodada Doha, lançada
há quatro anos e meio na capital do Qatar e praticamente paralisada desde então.
O reconhecimento do papel-chave desempenhado pela diplomacia brasileira foi feito em
Hong Kong, durante a Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio, em
dezembro passado. Foi uma espécie de apresentação em sociedade de Schwab, que já desempenhava funções relevantes no USTr.
Vice-chefe do USTr, Schwab
assumiu, em Hong Kong, o papel de porta-voz dos Estados
Unidos, nos momentos em que
seu chefe, Robert Portman, não
podia comparecer ante a multidão de jornalistas que cobriu a
Conferência.
A definição de "claro líder"
foi exposta em resposta a uma
pergunta da Folha, que queria
saber o que mudara entre a Ministerial anterior (Cancún,
2003) e Hong Kong, já que, na
primeira, o então chefe do
USTr, Robert Zoellick, atacara
duramente o Brasil, colocando-o até como um dos grandes
responsáveis pelo fracasso da
reunião no balneário.
A mudança é simples: em
Cancún, Estados Unidos e
União Européia apresentaram
documento conjunto que, na
prática, bloqueava qualquer liberalização do comércio agrícola, ao passo que, em Hong
Kong, os EUA alinharam-se
com o Brasil (e o G20, por ele liderado, ao lado da Índia), cobrando abertura agrícola dos
europeus.
Mudou também o comando
do USTr: de um duro, como
Zoellick (hoje o segundo homem no Departamento de Estado), passou-se a um político
suave nos modos, no linguajar
e na negociação, caso de Portman. Agora, volta-se ao padrão
profissional, com Susan
Schwab, que é também suave
como Portman, mas, nas negociações, dura como qualquer
bom negociador americano.
Texto Anterior: Estados Unidos: Portman comandará Orçamento nos EUA Próximo Texto: Energia: Chávez pode bancar gasoduto no Mercosul Índice
|