São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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ENERGIA

Projeto ligará Bolívia a Paraguai e Uruguai; Venezuela financiará malha entre o país, o Brasil e a Argentina

Chávez pode bancar gasoduto no Mercosul

DE BUENOS AIRES

Depois de promover o projeto de um megagasoduto para interligar Venezuela, Brasil e Argentina, o presidente venezuelano Hugo Chávez estará hoje em Assunção, no Paraguai, para se oferecer como sócio de um outro empreendimento energético: a construção de um gasoduto entre a Bolívia, o Paraguai e o Uruguai.
Na malha estudada para transportar gás boliviano aos sócios menores do Mercosul, a Venezuela tem a intenção de participar como financiadora da obra, informou a chancelaria paraguaia.
Além de Chávez, estarão em Assunção para se reunir com o presidente paraguaio, Nicanor Duarte, os presidentes boliviano, Evo Morales, e uruguaio, Tabaré Vázquez. "Os presidentes escutarão a Chávez, que havia manifestado seu interesse em financiar a obra", disse o vice-chanceler do país, Emilio Gimenez. Seriam, ao todo, 6.000 km de gasoduto.
O projeto de Brasil, Venezuela e Argentina para construir um gasoduto de até 10 mil km entre os países foi anunciado no final de 2005, na cúpula do Mercosul onde o país de Hugo Chávez foi aceito como "membro pleno em processo de adesão" do bloco -com direito a voz, mas não a voto nas reuniões.
A obra, defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como a "maior dos próximos 50 anos", está estimada entre US$ 10 bilhões e US$ 17 bilhões -parte seria financiada pela Venezuela- e enfrenta discussões técnicas (alto custo financeiro e ambiental, já que cruzaria a Amazônia).
À época, Paraguai e Uruguai e a própria Bolívia se queixaram de não participarem das discussões do projeto. Com a reunião convocada em Assunção, Chávez acena também para os sócios menores do Mercosul com os petrodólares -a Venezuela aproveita a alta no mercado internacional de seu principal produto.
O gasoduto da Bolívia ao Uruguai seria uma segunda etapa do "anel energético" (o projeto anunciado em 2005 seria a primeira), que no discurso de Chávez trará "independência energética ao continente". Para a reunião de hoje, o Brasil não foi convidado, apenas comunicado.
Não só de projetos de energia vive a diplomacia de Caracas financiada pelos petrodólares na região. O país já comprou, por exemplo, cerca de US$ 1,2 bilhão em papéis argentinos e segundo a embaixada da Venezuela no Paraguai, assim como já fez em outros países da região, Chávez assinaria convênios de ajuda humanitária em Assunção.
Depois do Paraguai, Chávez irá ao Paraná visitar o governador, Roberto Requião (PMDB).


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