São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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País resgata US$ 10,2 bilhões da dívida externa de janeiro a março

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa tentativa de melhorar alguns dos indicadores econômicos do país, o governo brasileiro resgatou, entre janeiro e março, US$ 10,2 bilhões em títulos de sua dívida externa que só venceriam ao longo dos próximos 18 anos. A estimativa do Tesouro Nacional é que, com isso, a economia no pagamento de juros nesse período chegue a US$ 4,5 bilhões.
A antecipação dos pagamentos havia sido anunciada há pouco mais de dois meses, quando o Tesouro e o Banco Central informaram que pretendiam resgatar até US$ 20 bilhões em títulos da dívida externa ao longo deste ano. Nesse valor, estão incluídos US$ 6,6 bilhões em "bradies", títulos emitidos após a renegociação com credores que se seguiu à moratória decretada no governo Sarney (1985-1990).
O ministro Guido Mantega comemorou o pagamento antecipado dos "bradies" -nesse grupo de títulos existiam papéis que venceriam só em 2024. "Isso tira uma mancha do currículo do Brasil. Ficamos livres dessa famosa dívida externa que foi gerada depois da moratória dos anos 80."
Além dos "bradies", o governo pretende também antecipar o resgate de outros títulos da dívida externa que vencem até 2010. Já foram recomprados US$ 3,7 bilhões desses papéis, valor que pode chegar a US$ 10 bilhões até o final do ano, dependendo do mercado.
O dinheiro usado nas recompras saem das reservas internacionais do país. Para resgatar os US$ 3,7 bilhões em títulos, o governo gastou US$ 4,2 bilhões. Isso porque boa parte dos papéis brasileiros são, atualmente, negociados com ágio no mercado financeiro internacional.
O texto distribuído à imprensa para divulgar a recompra dos "bradies" diz que, com essa operação, "o Tesouro completa "faxina" da dívida externa". O documento faz referência a outras medidas adotadas pelo governo, como o pagamento antecipado, feito no ano passado, de US$ 15,5 bilhões da dívida do Brasil com o FMI. Após todas essas transações, a dívida externa do governo federal está em US$ 65 bilhões, segundo o Tesouro. As reservas internacionais, por sua vez, estão em US$ 54,8 bilhões.
O secretário do Tesouro, Carlos Kawall, diz que, com as medidas já adotadas até agora, a situação das contas externas do país está mais confortável e que a preocupação do governo, agora, é outra. "Hoje, o desafio está muito mais no perfil da dívida interna." Para ele, é preciso reduzir a dívida pública corrigida pela Selic.


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