São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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Inflação maior ajuda governo a fechar contas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O que o governo perderá em arrecadação de tributos pelo fraco crescimento da economia será recompensado pela alta da inflação. De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, a arrecadação é influenciada pelo valor do PIB (Produto Interno Bruto) nominal. Isto é, de cujos valores não é descontado o aumento de preços, a inflação do ano em que o PIB é medido.
Como o governo previa um aumento menor da inflação no início do ano, a redução do crescimento real da economia de 2,5% para 2% poderá ser integralmente compensada pela alta dos índices de preços.
Segundo o Ministério do Planejamento, cada 0,5 ponto percentual de queda no PIB reduz a arrecadação em R$ 1,6 bilhão. Guardia explica que a inflação pode reverter esse impacto com uma alta do mesmo montante.
Raciocínio semelhante sobre prós e contras da inflação é feito para a alta do dólar. Se por um lado a elevação do dólar prejudica os cálculos feitos para a redução da dívida pública, por outro poderá elevar as receitas com Imposto de Importação e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) vinculado à importação. Isso porque os tributos recairão sobre um valor maior em reais.
Na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2002, o governo projetava uma taxa de câmbio de R$ 2,40 para dezembro deste ano. O mercado financeiro, porém, espera que ela chegue a R$ 2,50.
Na semana passada, o governo atuou em três frentes para garantir o alcance da meta de superávit primário (receitas menos despesas, exceto juros) prevista para o ano, que é de R$ 29,2 bilhões para o governo federal.
Foram anunciados cortes de R$ 5,3 bilhões no Orçamento de 2002 (no ano os cortes somam R$ 17,7 bilhões), aumento de impostos no valor de R$ 1,1 bilhão (Imposto sobre Operações Financeiras) e um pacote de anistia fiscal para as empresas que desistirem de ações contra a cobrança de impostos.
O objetivo é cobrir a suspensão da CPMF (imposto do cheque) a partir de 18 de junho. A emenda que prorroga a contribuição ainda não foi aprovada pelo Congresso.


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