São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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OUTRO LADO

Força Sindical defende comissões e diz que investigará irregularidade

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, nega que a central esteja usando as comissões de conciliação para arrecadar recursos. Diz que vai investigar quem está usando o nome da Força para cobrar até 20% do valor dos acordos na conciliação.
A denúncia foi feita à Folha por um empresário do Nordeste, que recebeu proposta para montar uma comissão no Rio Grande do Norte. O lucro viria do percentual e de uma taxa de R$ 140 cobrada -com ou sem acordo- por audiência conciliatória.
O vice-presidente da Força no Nordeste, Geraldino dos Santos Silva, confirma que há estudos para implementação de núcleos na região, mas negou a proposta de cobrança de taxas. "Estamos procurando os empresários."
A Folha apurou que no Nordeste já existe uma comissão de conciliação ligada ao sindicato de trabalhadores da construção do Rio Grande do Norte, filiado à Força. "A comissão não é nossa. O sindicato tem autonomia, apesar de ser filiado à Força", diz Silva.
Segundo Paulinho, as CCPs ligadas à central cobram preço fixo de R$ 150 nas conciliações e não estão autorizadas a descontar valor nenhum do trabalhador. "Se houve algum sindicato filiado à Força que fez isso, será punido. Vamos acionar a polícia. Mas não vamos desistir das comissões."
A onda de denúncias, segundo ele, é reflexo de uma atitude corporativista de "quem lucra em cima do trabalhador". "Essas entidades têm interesses em defender a continuidade da cobrança de honorários de até 30%", afirma.
Paulinho diz que o valor fixo cobrado pelas comissões é mais barato para a empresa. "Se a empresa entrar na Justiça, terá de custear advogado durante dez anos, além de pagar a indenização do trabalhador."
O presidente da Força diz que defende as CCPs porque é a favor de resolução mais rápida dos conflitos trabalhistas, sem precisar da Justiça. "O que está existindo é um lobby dos advogados trabalhistas para acabar com as comissões, porque eles estão perdendo dinheiro. Cobramos taxa, mas das empresas. A Justiça também cobra", afirma.

"Falta moralizar"
A Força Sindical, diz, está empenhada em orientar os profissionais que estão envolvidos com as CCPs para que atuem como manda a lei. "Vamos tentar ver quem atua de forma irregular para tentar corrigir. Não é possível desmoralizar uma coisa que é boa."
Ramiro de Jesus Pinto, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, informa que, de 87 a 90 , o seu sindicato chegou a abrir 600 ações trabalhistas por mês. Em 94 e 95, esse número caiu para 300 por mês e, atualmente, está em torno de 100 a 150 por mês. A queda se deve, em parte, ao surgimento das CCPs. "A CCP é uma coisa boa, pois ajuda o trabalhador a fugir da Justiça. O que é preciso é moralizá-la."
No Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a CCP foi formada em abril de 2000. No mês passado, recebeu 725 reclamações de trabalhadores, e 630 resultaram em acordos. (FF e CR)

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