São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004

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Empresários esperam recuo de até 0,5 ponto

DA REPORTAGEM LOCAL

Os empresários reunidos no Iedi (Instituto Econômico para o Desenvolvimento Industrial), na CNI (Confederação Nacional da Indústria) e na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) acreditam que o Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne hoje, tenha espaço para reduzir a taxa básica de juros da economia -a Selic.
O Iedi estima que o corte deverá ser entre 0,25% e 0,50%. "Há espaço para uma redução dessa ordem, já que a inflação está sob controle", diz Julio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
A alta do dólar e do petróleo, na avaliação de Gomes de Almeida, não pode influenciar a decisão do Copom. "Se o BC mantiver os juros em 16% ao ano, vai ser pior do que reduzi-los. Se as taxas não caírem, os empresários vão ficar ainda mais cautelosos", afirma.
O cenário econômico atual, na avaliação do diretor do Iedi, é muito mais incerto do que há dois ou três meses, mas pode ser passageiro. É mais incerto, sobretudo, por causa da fuga de capital de países emergentes e da instabilidade causada pelo possível aumento dos juros nos Estados Unidos. "Mas isso passa", afirma.
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, tem a mesma opinião. "Mesmo com um cenário externo desfavorável nos últimos dias e essa pressão -que esperamos ser temporária- nos preços do petróleo, o Banco Central ainda conserva uma margem para cortar os juros. O que temos acompanhado nos últimos tempos é que o Banco Central se guia mais pelas condições internas para alterar os juros do que pelas externas. Espero que observem que, no cenário interno, há, sim, condições de queda."
Na semana passada, Claudio Vaz, diretor da Fiesp, também defendera a redução da Selic. "O BC [Banco Central] tem de seguir a lógica da própria instituição e continuar reduzindo os juros. Os fundamentos da economia são da melhor qualidade", disse Vaz.
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, diz que o país só cresce com juros mais baixos. "Esperamos sensibilidade dos tecnocratas do governo. É preciso uma queda brusca na taxa básica para começarmos a tirar o país dessa letargia econômica em que se encontra." (FF e CR)


Colaborou José Alan Dias, enviado especial ao Rio

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