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Ganho de autônomo sobe mais que a média
Renda de trabalhador por conta própria cresce 12% de março de 2006 a março deste ano, contra média geral de 3,3%
Aumento da massa salarial gera maior procura por serviços como o de pedreiros, taxistas e profissionais liberais
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os trabalhadores por conta
própria, como manicures, vendedores ambulantes, taxistas,
advogados e consultores, sentem no bolso os efeitos da retomada da economia e do aumento da massa real de salários.
O rendimento médio real dos
trabalhadores autônomos subiu 12,1% entre março de 2006
e março deste ano em seis regiões metropolitanas consideradas pelo PME (Pesquisa
Mensal de Emprego) do IBGE.
Esse crescimento superou o
registrado no grupo dos trabalhadores ocupados, de 3,3%, no
dos com carteira assinada do
setor privado, de 2,2%, e no dos
trabalhadores sem carteira, de
6%, no mesmo período.
Na região metropolitana do
Rio de Janeiro, a renda média
real dos trabalhadores por conta própria subiu 25% de março
de 2006 a março deste ano; na
de Salvador, 10,9%; na de Recife, 8,1%; na de São Paulo, 5,9%;
na de Belo Horizonte, 5,3% e,
na de Porto Alegre, 4,8%.
"O crescimento da renda do
trabalhador por conta própria é
reflexo da aceleração econômica. O consumidor está com
mais renda para gastar com pedreiros, manicures e nas barraquinhas de ambulantes", diz
Anselmo Luís dos Santos, pesquisador do Cesit (Centro de
Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.
O movimento de recuperação na renda dos trabalhadores
por conta própria começou a
partir do segundo semestre de
2005, após queda registrada
entre 1997 e 2005 em razão de
crises econômicas. De 2002 a
2005, o rendimento médio real
do trabalhador por conta própria chegou a cair 23,8%. E,
considerando os dados da
PME, esse rendimento ainda é
11,2% menor do que o de 2002,
considerando os meses de março de 2002 e deste ano.
Fábio Silveira, sócio-diretor
da RC Consultores, diz que o
rendimento do trabalhador por
conta própria acaba sendo um
indicador de atividade econômica. O aumento do rendimento da cabeleireira que entra na
contabilidade da massa salarial
reflete a alta da demanda de outras categorias", afirma.
O aumento do rendimento
desses trabalhadores é reflexo
da expansão da demanda, não
de preços. Isto é, têm mais pessoas procurando os serviços de
cabeleireiros, pedreiros e taxistas, segundo informa Carlos
Thadeu de Freitas Gomes Filho, economista do Grupo de
Conjuntura do Instituto de
Economia da UFRJ.
Em 2005, a inflação no setor
de serviços foi da ordem de
6,8%. Em 2006, de 5,5%, e, nos
últimos 12 meses terminados
em abril deste ano, de 4,9%.
A melhora no mercado de
trabalho, com a elevação do
emprego formal, acabou tirando do mercado trabalhadores
por conta própria. Em março
deste ano havia 4,020 milhões
de trabalhadores por conta
própria -21% da população
ocupada- nas seis regiões metropolitanas consideradas pela
PME. Em março de 2005, esses
trabalhadores correspondiam a
23,9% da população ocupada.
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