São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Ganho de autônomo sobe mais que a média

Renda de trabalhador por conta própria cresce 12% de março de 2006 a março deste ano, contra média geral de 3,3%

Aumento da massa salarial gera maior procura por serviços como o de pedreiros, taxistas e profissionais liberais


FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os trabalhadores por conta própria, como manicures, vendedores ambulantes, taxistas, advogados e consultores, sentem no bolso os efeitos da retomada da economia e do aumento da massa real de salários.
O rendimento médio real dos trabalhadores autônomos subiu 12,1% entre março de 2006 e março deste ano em seis regiões metropolitanas consideradas pelo PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE.
Esse crescimento superou o registrado no grupo dos trabalhadores ocupados, de 3,3%, no dos com carteira assinada do setor privado, de 2,2%, e no dos trabalhadores sem carteira, de 6%, no mesmo período.
Na região metropolitana do Rio de Janeiro, a renda média real dos trabalhadores por conta própria subiu 25% de março de 2006 a março deste ano; na de Salvador, 10,9%; na de Recife, 8,1%; na de São Paulo, 5,9%; na de Belo Horizonte, 5,3% e, na de Porto Alegre, 4,8%.
"O crescimento da renda do trabalhador por conta própria é reflexo da aceleração econômica. O consumidor está com mais renda para gastar com pedreiros, manicures e nas barraquinhas de ambulantes", diz Anselmo Luís dos Santos, pesquisador do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.
O movimento de recuperação na renda dos trabalhadores por conta própria começou a partir do segundo semestre de 2005, após queda registrada entre 1997 e 2005 em razão de crises econômicas. De 2002 a 2005, o rendimento médio real do trabalhador por conta própria chegou a cair 23,8%. E, considerando os dados da PME, esse rendimento ainda é 11,2% menor do que o de 2002, considerando os meses de março de 2002 e deste ano.
Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, diz que o rendimento do trabalhador por conta própria acaba sendo um indicador de atividade econômica. O aumento do rendimento da cabeleireira que entra na contabilidade da massa salarial reflete a alta da demanda de outras categorias", afirma.
O aumento do rendimento desses trabalhadores é reflexo da expansão da demanda, não de preços. Isto é, têm mais pessoas procurando os serviços de cabeleireiros, pedreiros e taxistas, segundo informa Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, economista do Grupo de Conjuntura do Instituto de Economia da UFRJ.
Em 2005, a inflação no setor de serviços foi da ordem de 6,8%. Em 2006, de 5,5%, e, nos últimos 12 meses terminados em abril deste ano, de 4,9%.
A melhora no mercado de trabalho, com a elevação do emprego formal, acabou tirando do mercado trabalhadores por conta própria. Em março deste ano havia 4,020 milhões de trabalhadores por conta própria -21% da população ocupada- nas seis regiões metropolitanas consideradas pela PME. Em março de 2005, esses trabalhadores correspondiam a 23,9% da população ocupada.


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