|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dois consórcios disputam hoje leilão da hidrelétrica de Jirau
Aneel amplia número de seguranças para tentar evitar invasão de manifestantes em seu prédio, como na disputa pela usina de Santo Antônio, em dezembro
LORENNA RODRIGUES
DA FOLHA ONLINE
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) reforçou a segurança para o leilão da usina
hidrelétrica de Jirau, no rio
Madeira, marcado para hoje.
Depois de manifestantes terem
invadido seu prédio no leilão de
Santo Antônio -primeira usina do complexo do Madeira,
leiloada em dezembro do ano
passado-, a agência dobrou o
número de seguranças particulares de 15 para 30.
A Aneel pediu ainda reforço
da Polícia Militar, que começaria as rondas nos arredores da
agência ontem.
A previsão é que a disputa comece às 14h, na sede da Aneel,
em Brasília. Dois consórcios
-o Jirau Energia, liderado por
Furnas/Odebrecht, e o Energia
Sustentável do Brasil, formado
pelo grupo multinacional Suez
Energy, pela empreiteira Camargo Correa e pelas estatais
Chesf e Eletrosul- entraram
no páreo para arrematar a usina, que terá capacidade para
gerar 3.300 MW (megawatts) e
deverá entrar em funcionamento em 2013.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou estar otimista em relação ao leilão. "Estou muito otimista e esperando uma competição acirrada", afirmou. Para ele, deverá
haver deságio significativo em
relação ao teto de R$ 91 por
MWh (megawatt-hora) estabelecido pelo governo.
O leilão ocorre em um contexto de aumento no consumo
de energia e baixa oferta de
projetos de hidroeletricidade.
"Estamos preocupados com
o custo crescente de energia. O
governo precisa acelerar projetos de geração", diz Ricardo Lima, presidente-executivo da
Abrace (Associação Brasileira
de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres).
Para o presidente do Sindicato dos Eletricitários de São
Paulo, Carlos Alberto dos Reis,
em termos ideais, a oferta de
energia deveria crescer dois
pontos percentuais a mais que
a taxa de expansão do PIB (Produto Interno Bruto). "É o que
deveria ser agregado ao parque,
mas não é o que acontece", diz.
A Aneel montou para o leilão
uma estrutura que ocupa quase
metade de sua sede. Os competidores ficarão em salas isoladas, de onde não poderão fazer
nenhum tipo de contato com o
exterior. Ontem, policiais federais fariam uma varredura na
sala para assegurar que não haja escutas telefônicas ou invasões à rede e lacrariam cada
uma delas.
Na sala, os competidores terão à disposição computadores
ligados unicamente a uma rede
construída para a licitação, de
onde farão os lances.
O leilão poderá ter até três fases. Na primeira, os participantes poderão dar qualquer lance,
desde que abaixo do teto. Se a
diferença entre os dois lances
for menor do que 5%, o leilão
terá uma segunda fase. Nessa
etapa, os lances são gerados pelo computador e cabe ao proponente dizer se aceita ou não o
lance. Caso nenhum dos dois
aceite um lance, a disputa terá
uma terceira etapa, na qual o
menor lance oferecido será o
vencedor.
No leilão de Santo Antônio, o
consórcio liderado pela Odebrecht deu lance de R$ 78,90
por MWh, valor 35% menor do
que o preço definido como teto.
Com PAULO DE ARAUJO , colaboração para a Folha, e
HUMBERTO MEDINA , da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Resultado melhora apesar de novas captações de recursos Próximo Texto: Luiz Carlos Bresser-Pereira: Política industrial e câmbio Índice
|