São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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Dois consórcios disputam hoje leilão da hidrelétrica de Jirau

Aneel amplia número de seguranças para tentar evitar invasão de manifestantes em seu prédio, como na disputa pela usina de Santo Antônio, em dezembro

LORENNA RODRIGUES
DA FOLHA ONLINE

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) reforçou a segurança para o leilão da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, marcado para hoje. Depois de manifestantes terem invadido seu prédio no leilão de Santo Antônio -primeira usina do complexo do Madeira, leiloada em dezembro do ano passado-, a agência dobrou o número de seguranças particulares de 15 para 30.
A Aneel pediu ainda reforço da Polícia Militar, que começaria as rondas nos arredores da agência ontem.
A previsão é que a disputa comece às 14h, na sede da Aneel, em Brasília. Dois consórcios -o Jirau Energia, liderado por Furnas/Odebrecht, e o Energia Sustentável do Brasil, formado pelo grupo multinacional Suez Energy, pela empreiteira Camargo Correa e pelas estatais Chesf e Eletrosul- entraram no páreo para arrematar a usina, que terá capacidade para gerar 3.300 MW (megawatts) e deverá entrar em funcionamento em 2013.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou estar otimista em relação ao leilão. "Estou muito otimista e esperando uma competição acirrada", afirmou. Para ele, deverá haver deságio significativo em relação ao teto de R$ 91 por MWh (megawatt-hora) estabelecido pelo governo.
O leilão ocorre em um contexto de aumento no consumo de energia e baixa oferta de projetos de hidroeletricidade. "Estamos preocupados com o custo crescente de energia. O governo precisa acelerar projetos de geração", diz Ricardo Lima, presidente-executivo da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres).
Para o presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Carlos Alberto dos Reis, em termos ideais, a oferta de energia deveria crescer dois pontos percentuais a mais que a taxa de expansão do PIB (Produto Interno Bruto). "É o que deveria ser agregado ao parque, mas não é o que acontece", diz.
A Aneel montou para o leilão uma estrutura que ocupa quase metade de sua sede. Os competidores ficarão em salas isoladas, de onde não poderão fazer nenhum tipo de contato com o exterior. Ontem, policiais federais fariam uma varredura na sala para assegurar que não haja escutas telefônicas ou invasões à rede e lacrariam cada uma delas.
Na sala, os competidores terão à disposição computadores ligados unicamente a uma rede construída para a licitação, de onde farão os lances.
O leilão poderá ter até três fases. Na primeira, os participantes poderão dar qualquer lance, desde que abaixo do teto. Se a diferença entre os dois lances for menor do que 5%, o leilão terá uma segunda fase. Nessa etapa, os lances são gerados pelo computador e cabe ao proponente dizer se aceita ou não o lance. Caso nenhum dos dois aceite um lance, a disputa terá uma terceira etapa, na qual o menor lance oferecido será o vencedor.
No leilão de Santo Antônio, o consórcio liderado pela Odebrecht deu lance de R$ 78,90 por MWh, valor 35% menor do que o preço definido como teto.


Com PAULO DE ARAUJO , colaboração para a Folha, e HUMBERTO MEDINA , da Sucursal de Brasília


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