São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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Ações menos conhecidas atraem investidor

Grau de investimento pode reduzir custo de captação de empresas e favorecer papéis de companhias de menor porte, as "small caps'

Papéis, no entanto, oferecem maiores riscos de oscilações brutas, e dificuldade de se desfazer deles é maior em momentos de crise

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A entrada de novas companhias na Bovespa nos últimos anos ampliou em muito o leque de oferta de ações nas quais investir. Com esse novo cenário, olhar para além do Ibovespa pode ser uma boa opção.
Analistas afirmam que ações menos conhecidas, ofuscadas pelos papéis mais tradicionais, podem esconder boas oportunidades de ganhos.
Todavia, se por um lado muita ação menos popular pode esconder bons negócios, o investidor não deve se esquecer de que esses papéis oferecem maiores riscos de oscilações bruscas e são menos fáceis de serem vendidos.
O mundo das "small caps" -companhias de menor porte, com reduzido número de negócios na Bolsa- é formado por empresas representativas dos mais diversos setores. E a recente onda de IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) fez com que o segmento passasse a chamar mais a atenção. Apenas nos últimos três anos, cerca de cem novatas estrearam suas ações no pregão da Bolsa. E poucas delas eram empresas de grande porte.
"Quando se fala em "small caps", estamos nos referindo a ações de setores muito distintos, que vão de educação a bancos", diz André Rocha, analista de "small caps" da Unibanco Corretora.
Na opinião de Rocha, o pequeno investidor pode se arriscar a comprar ações de companhias consideradas "small caps", mas deve sempre estar atento aos riscos maiores que elas carregam.
"Um dos problemas de uma "small cap" é a menor liquidez. Em um momento de crise, para conseguir se desfazer da ação, pode ser mais difícil, tendo de aceitar perdas maiores. Mas, se o investidor tiver paciência para ficar com a ação por um período mais longo, pode encontrar oportunidades bem interessantes", diz o analista.
Na Bovespa, há atualmente 450 companhias listadas. Dessas, apenas 66 fazem parte do índice Ibovespa, que é a principal referência da Bolsa de Valores de São Paulo.
Após o Brasil ter sido elevado a grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, as "small caps" voltaram a ser bastante discutidas. O grau de investimento pode favorecer as companhias menores ao menos de duas formas.
A primeira é a maior facilidade que as companhias brasileiras devem ter para conseguir captar recursos no mercado internacional. Os custos devem diminuir, e os prazos das captação, estender-se.
"Depende muito de cada setor para pensar em ganhar com as "small caps" no momento", diz Marco Carregari, gestor de renda variável do Itaú. "Os bancos pequenos, por exemplo, se conseguirem agora dinheiro no exterior por custos menores, podem acabar por se beneficiar", afirma.
Outro fator é a expectativa de entrada de novos investidores internacionais no mercado acionário brasileiro, movimento que poderia ajudar a elevar a negociação de muitas ações de menor porte.
Segundo operadores de corretoras, nos últimos pregões tem se notado estrangeiros trocando ações mais tradicionais por papéis de menor liquidez.

Retornos e oportunidades
O resultado alcançado neste ano por ações de algumas empresas pequenas e médias mostra que há realmente oportunidades interessantes entre as "small caps".
Um dos destaques do ano são as ações da Ferbasa. O papel preferencial da empresa disparou 135,5% neste ano. Apenas no pregão de sexta-feira, subiu 12,5%. O índice Ibovespa registra valorização acumulada de 13,9% no ano. Mas a ação da empresa teve apenas 158 negócios na sexta, enquanto a Petrobras respondeu por mais de 16 mil transações no dia.
Outro papel que aparece com retorno bem acima do Ibovespa no ano é a Fosfértil, cuja ação PN subiu 35,9% no período. No ano passado, a ação havia se valorizado em 135,7%.
Um bom exemplo das fortes oscilações que as ações menores podem ter é a Ideiasnet. A ação ON da empresa registra ganhos de 38,3% apenas neste mês. Mas no acumulado do ano tem perdas de 14,2%. Entretanto, rendeu 230% em 2007.
Entre as recomendações de Rocha, da Unibanco Corretora, está a ação da Eternit. "A empresa, que exporta amianto para mercados como a China e a Índia, tem tudo para ter um ano bom." Outro papel lembrado pelo analista é o da Tegma (que presta serviços de logística). "Tem potencial muito forte, com múltiplos baixos e investimentos elevados."


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