|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ações menos conhecidas atraem investidor
Grau de investimento pode reduzir custo de captação de empresas e favorecer papéis de companhias de menor porte, as "small caps'
Papéis, no entanto, oferecem maiores riscos de oscilações brutas, e dificuldade de se desfazer deles é maior em momentos de crise
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A entrada de novas companhias na Bovespa nos últimos
anos ampliou em muito o leque
de oferta de ações nas quais investir. Com esse novo cenário,
olhar para além do Ibovespa
pode ser uma boa opção.
Analistas afirmam que ações
menos conhecidas, ofuscadas
pelos papéis mais tradicionais,
podem esconder boas oportunidades de ganhos.
Todavia, se por um lado muita ação menos popular pode esconder bons negócios, o investidor não deve se esquecer de
que esses papéis oferecem
maiores riscos de oscilações
bruscas e são menos fáceis de
serem vendidos.
O mundo das "small caps"
-companhias de menor porte,
com reduzido número de negócios na Bolsa- é formado por
empresas representativas dos
mais diversos setores. E a recente onda de IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês)
fez com que o segmento passasse a chamar mais a atenção.
Apenas nos últimos três anos,
cerca de cem novatas estrearam suas ações no pregão da
Bolsa. E poucas delas eram empresas de grande porte.
"Quando se fala em "small
caps", estamos nos referindo a
ações de setores muito distintos, que vão de educação a bancos", diz André Rocha, analista
de "small caps" da Unibanco
Corretora.
Na opinião de Rocha, o pequeno investidor pode se arriscar a comprar ações de companhias consideradas "small
caps", mas deve sempre estar
atento aos riscos maiores que
elas carregam.
"Um dos problemas de uma
"small cap" é a menor liquidez.
Em um momento de crise, para
conseguir se desfazer da ação,
pode ser mais difícil, tendo de
aceitar perdas maiores. Mas, se
o investidor tiver paciência para ficar com a ação por um período mais longo, pode encontrar oportunidades bem interessantes", diz o analista.
Na Bovespa, há atualmente
450 companhias listadas. Dessas, apenas 66 fazem parte do
índice Ibovespa, que é a principal referência da Bolsa de Valores de São Paulo.
Após o Brasil ter sido elevado
a grau de investimento pela
agência de classificação de risco Standard & Poor's, as "small
caps" voltaram a ser bastante
discutidas. O grau de investimento pode favorecer as companhias menores ao menos de
duas formas.
A primeira é a maior facilidade que as companhias brasileiras devem ter para conseguir
captar recursos no mercado internacional. Os custos devem
diminuir, e os prazos das captação, estender-se.
"Depende muito de cada setor para pensar em ganhar com
as "small caps" no momento",
diz Marco Carregari, gestor de
renda variável do Itaú. "Os bancos pequenos, por exemplo, se
conseguirem agora dinheiro no
exterior por custos menores,
podem acabar por se beneficiar", afirma.
Outro fator é a expectativa de
entrada de novos investidores
internacionais no mercado
acionário brasileiro, movimento que poderia ajudar a elevar a
negociação de muitas ações de
menor porte.
Segundo operadores de corretoras, nos últimos pregões
tem se notado estrangeiros trocando ações mais tradicionais
por papéis de menor liquidez.
Retornos e oportunidades
O resultado alcançado neste
ano por ações de algumas empresas pequenas e médias mostra que há realmente oportunidades interessantes entre as
"small caps".
Um dos destaques do ano são
as ações da Ferbasa. O papel
preferencial da empresa disparou 135,5% neste ano. Apenas
no pregão de sexta-feira, subiu
12,5%. O índice Ibovespa registra valorização acumulada de
13,9% no ano. Mas a ação da
empresa teve apenas 158 negócios na sexta, enquanto a Petrobras respondeu por mais de 16
mil transações no dia.
Outro papel que aparece com
retorno bem acima do Ibovespa no ano é a Fosfértil, cuja
ação PN subiu 35,9% no período. No ano passado, a ação havia se valorizado em 135,7%.
Um bom exemplo das fortes
oscilações que as ações menores podem ter é a Ideiasnet. A
ação ON da empresa registra
ganhos de 38,3% apenas neste
mês. Mas no acumulado do ano
tem perdas de 14,2%. Entretanto, rendeu 230% em 2007.
Entre as recomendações de
Rocha, da Unibanco Corretora,
está a ação da Eternit. "A empresa, que exporta amianto para mercados como a China e a
Índia, tem tudo para ter um ano
bom." Outro papel lembrado
pelo analista é o da Tegma (que
presta serviços de logística).
"Tem potencial muito forte,
com múltiplos baixos e investimentos elevados."
Texto Anterior: Luiz Carlos Bresser-Pereira: Política industrial e câmbio Próximo Texto: Fundo registra captação de R$ 1,7 bilhão Índice
|