São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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Taxa de juros explode com efeito Rússia

da Reportagem Local

Os juros tiveram alta ontem, com as projeções no mercado futuro pulando de 23,62% ao ano nos contratos para vencimento em agosto para 29,47%.
Os temores de que o Banco Central venha a ser mais conservador na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), amanhã, tomaram conta dos invesditores depois que a Rússia subiu suas taxas de 30% para 50% ao ano para estancar a fuga de rublos.
Os analistas acreditam que um aumento das taxas de risco internacionais da Rússia venha a elevar também o chamado "risco Brasil". Os investidores internacionais passariam a exigir um juro maior para manter seus investimentos no Brasil.
Nas trocas de títulos públicos nos negócios entre bancos, os juros ficaram entre 29% e 31% ao ano. A liquidez foi pequena: ninguém arriscava tomar empréstimos diante de tamanho aumento nos juros.
As projeções do mercado futuro para a próxima TBC, a taxa básica de juros que hoje está em 23,25% ao ano, pularam para 25,4%.
O mercado de câmbio acompanhou o nervosismo dos juros, com as expectativas de uma desvalorização maior do real crescendo.
No caso de uma crise especulativa contra moedas, os investidores estrangeiros querem sair do país e vendem a moeda local, depreciando seu valor.
No mercado à vista, o dólar comercial descolou do piso da minibanda, a faixa informal de variação determinada pelo Banco Central. As cotações do dólar para a compra pularam de R$ 1,1465 na sexta-feira para R$ 1,1489.
O Banco Central não interveio e deixou o dólar flutuar livremente.
No mercado futuro de câmbio, as projeções de desvalorização do real pularam de 0,82% ao mês para 0,90% ao mês nos contratos para vencimento em agosto.
Nos contratos de curto prazo, para vencimento em junho, o salto foi ainda maior, com as projeções de desvalorização do real saltando de 0,64% ao mês no fechamento de sexta-feira para 0,91%, ontem.
Segundo analistas, muitos investidores estavam comprados em juros depois que o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, disse na semana passada que iria reduzir os tributos sobre aplicações financeiras. Com o susto na Rússia, o mercado foi pego de surpresa.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)



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