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Presidente americano cobra
abertura comercial "agressiva"
do enviado especial
O presidente norte-americano
Bill Clinton pediu ontem, em discurso na OMC, que todos os países
do mundo ajam "agressivamente" para derrubar as barreiras comerciais, no que soou como a adesão da maior potência do planeta à
chamada Rodada do Milênio.
Clinton não deixou uma só área
do comércio internacional fora da
agenda, de bens industriais a serviços, passando por maior proteção à propriedade intelectual e terminando com um pedido de mais
atenção aos direitos trabalhistas e
ao meio ambiente.
Mas a ênfase de seu discurso foi
na questão agrícola: "Começando
no próximo ano, deveríamos começar agressivamente negociações para reduzir tarifas, subsídios
e outras distorções que restringem
a produtividade na agricultura",
disparou Clinton.
A frase soou como música aos
ouvidos da delegação brasileira.
Ao chegar a Genebra, ontem à
noite, o presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso apoiou a
idéia de uma ampla rodada de negociações comerciais, "desde que
signifique também entrar agricultura nisso, que é importante para
nós".
Mas FHC e Clinton divergem sobre a maneira de conduzir as futuras negociações.
Clinton cobra um meio de "derrubar barreiras sem esperar que
cada tema, em cada setor, esteja
resolvido".
Para o presidente norte-americano, o sistema internacional de
comércio deve se mexer "tão rápido quanto o mercado".
Já FHC se diz contra "uma negociação fatiada, que fique discutindo só aquilo que interessa a alguns países e não interessa a nós".
Traduzindo: o governo brasileiro prefere uma negociação global,
em que lhe seja possível trocar,
por exemplo, concessões na área
de informática por aberturas de
outros países em agricultura.
"Dramático"
O discurso de Clinton parece
consolidar a idéia de fazer a partir
de 1999 uma ampla rodada de negociações comerciais que, para
Charlene Barshefsky, a xerife do
comércio norte-americano, "será
um grande empreendimento, dramático em seu potencial".
Não é exagero: no ano passado,
as exportações de mercadorias e
serviços foram de impressionantes US$ 6,5 trilhões. Equivalem a
oito vezes tudo o que o Brasil produz por ano (seu PIB).
Mexer nessa pilha de dinheiro só
pode ter mesmo um potencial dramático, como diz Barshefsky.
A questão é saber se se vai mexer
na pilha toda de uma vez, na forma de uma grande rodada de negociações, similar às oito anteriores, ou se se vai preferir um enfoque mais gradual ou setorial.
A tendência que se detecta em
Genebra é na direção de uma
grande rodada. "O encontro da
OMC deveria pavimentar o caminho para lançar em 1999 a Rodada
do Milênio no ano 2000", diz, por
exemplo, Jacques Santer, presidente da Comissão Européia, braço executivo do conglomerado de
15 países que formam a União Européia. Santer fixa até um prazo
(três anos) para a conclusão da
Rodada do Milênio.
O diretor-geral da OMC, Renato
Ruggiero, comprou a tese da Rodada do Milênio, embora não utilize essa expressão.
(CR)
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