São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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Folhainvest

Fundo PIBB perde 23% com recente volatilidade

Apesar da queda, houve poucos resgates; em junho saíram R$ 15 mi, de R$ 1,3 bi

Investidores ainda mantêm ganho de 14% desde o fim da segunda oferta de cotas pelo BNDES, em 17 de outubro, até 13 de junho

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O investidor que aderiu à segunda oferta de cotas do PIBB, o fundo de ações do BNDES reaberto para captação em setembro do ano passado, teve um prejuízo de 22,75% desde o início da onda de volatilidade dos mercados, em 9 de maio, até o dia 13 deste mês, últimas cotas disponíveis.
No ano, a rentabilidade desses fundos também é negativa em 2,31%, mas desde o momento do encerramento da oferta de cotas, em 17 de outubro passado, até o dia 13, os investidores desses fundos ainda acumulam ganho de 14,02%. É mais do que teriam numa aplicação de renda fixa no mesmo período.
Os dados são do site financeiro Fortuna, que mostra também que não houve resgates significativos apesar do desempenho ruim. Em maio, durante a turbulência, saíram R$ 25 milhões e nos 13 primeiros dias de junho, R$ 15 milhões. Uma parcela ínfima do R$ 1,3 bilhão de patrimônio líquido desses fundos. "Sair agora é a pior coisa a fazer", alerta o gestor de recursos Fábio Colombo.
Os fundos de PIBB destinam-se a pessoas físicas que compraram cotas em agências bancárias nas duas emissões feitas pelo BNDES -a primeira em julho de 2004 e a segunda de setembro a outubro de 2005.
Grandes investidores e instituições financeiras também aplicaram recursos no PIBB, o fundo-mãe, onde os fundos dos bancos aplicam o dinheiro das pessoas físicas. Esses investidores têm hoje R$ 700 milhões no PIBB e vêm sacando suas cotas, trocando-as por ações.
Desde 17 de outubro de 2005, quando se encerrou a segunda emissão, até o último dia 13, os investidores institucionais sacaram R$ 450 milhões. "A pessoa física não pode fazer essa troca, pois para isso é preciso vender no mínimo R$ 10 milhões em cotas", diz Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna.

Seguro
O que explica a pouca mobilidade dos investidores de fundos de PIBB, diante da forte desvalorização de suas cotas nas últimas semanas, é o "seguro" dado pelo BNDES durante a emissão: se até outubro deste ano a Bolsa cair e o fundo se desvalorizar, o banco se compromete a recomprar as cotas do investidor pelo seu valor nominal. O BNDES dá mais dois meses, ainda, para o investidor decidir se fica ou sai do fundo.
"Quem entrou nesse tipo de investimento não pode se fiar só na garantia. A Bolsa é cíclica, mas as pessoas entram achando que ela só sobe e não cai. É uma ilusão", observa Colombo.
Ou seja, ninguém garante que após o término da garantia do BNDES o investidor terá lucro ou prejuízo. Por isso, desde a primeira emissão de cotas do PIBB os analistas insistem em dizer que essa é uma aplicação para o longo prazo.
Isso significa olhar cinco ou dez anos à frente. Já na época da emissão da segunda tranche, os analistas alertavam que o cenário não era de fortes altas dos papéis da carteira do fundo nos 12 meses seguintes. O cenário se revelou pior, com a volatilidade dos mercados internacionais atingindo a Bolsa brasileira nas últimas semanas.


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