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Dívida do Reino Unido é a maior em 16 anos
Valor representa 55% do PIB e resulta do aumento nos gastos para conter a crise e da queda na arrecadação
DA REDAÇÃO
Com o governo ampliando
seus gastos para socorrer bancos e tentar tirar a economia da
recessão (que, ao mesmo tempo, corrói a arrecadação do Estado), a dívida pública do Reino
Unido voltou a crescer no mês
passado e está no maior nível
em pelo menos 16 anos.
O governo britânico gastou
no mês passado 19,86 bilhões
de libras esterlinas a mais do
que arrecadou, e a dívida pública chegou a 54,7% do PIB do
país -ela estava em 43,8% em
maio do ano passado. Para se
ter uma ideia, o déficit do mês
passado é praticamente igual
ao registrado em todo 2002.
As preocupações com a dívida pública britânica fizeram
com que a agência de classificação de risco Standard & Poor's
ameaçasse recentemente rebaixar a nota de crédito do governo do Reino Unido, que hoje
está no nível máximo. O alerta,
afirmou a agência na ocasião,
foi baseado na previsão de que a
dívida pública se aproximará de
100% do PIB em 2013.
Na prática, um rebaixamento
da classificação da nota pode
tornar ainda mais difícil para o
governo colocar as contas em
dia. Uma nota menor significa
que os títulos do governo (que é
a forma como ele financia a sua
dívida) serão considerados
mais arriscados e, portanto,
Londres terá que pagar juros
maiores para atrair investidores, comprometendo ainda
mais as suas contas.
A expectativa do governo britânico é que a economia volte
logo a crescer, o que trará dois
efeitos principais: 1) o emprego
vai se recuperar e as pessoas
vão voltar a gastar, o que deve
elevar a arrecadação; 2) o governo poderá reduzir seus gastos com estímulo fiscal.
Porém, para que a dívida pública fique abaixo de 40% do
PIB (como prometido pelos
trabalhistas, partido que está
no poder desde 1998, com o ex-primeiro-ministro Tony Blair e
com o atual, Gordon Brown), o
ritmo de crescimento terá que
ser acelerado, ou o governo terá
que diminuir fortemente seus
gastos ou aumentar expressivamente os impostos -duas tarefas não exatamente populares.
Mas os sinais de recuperação
da economia britânica ontem
ganharam um sinal amarelo,
depois da divulgação das vendas do varejo. Em maio, as vendas caíram 0,6% ante o mês anterior, depois de dois meses seguidos de alta. No primeiro trimestre deste ano, o PIB da segunda maior economia europeia encolheu 1,9%, a maior
queda desde 1979. Já a taxa de
desemprego, de 7,2%, está no
maior nível em 12 anos.
A expansão das dívidas dos
governos foi motivo de preocupação no encontro dos ministros de Finanças do G8 (grupo
que reúne oito das maiores economias globais) na semana passada. Eles disseram que é necessário preparar o pós-crise,
com a redução dos déficits fiscais, que subiram fortemente
em 2008 com a criação de pacotes de estímulo bilionários.
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