São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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Dívida do Reino Unido é a maior em 16 anos

Valor representa 55% do PIB e resulta do aumento nos gastos para conter a crise e da queda na arrecadação

DA REDAÇÃO

Com o governo ampliando seus gastos para socorrer bancos e tentar tirar a economia da recessão (que, ao mesmo tempo, corrói a arrecadação do Estado), a dívida pública do Reino Unido voltou a crescer no mês passado e está no maior nível em pelo menos 16 anos.
O governo britânico gastou no mês passado 19,86 bilhões de libras esterlinas a mais do que arrecadou, e a dívida pública chegou a 54,7% do PIB do país -ela estava em 43,8% em maio do ano passado. Para se ter uma ideia, o déficit do mês passado é praticamente igual ao registrado em todo 2002.
As preocupações com a dívida pública britânica fizeram com que a agência de classificação de risco Standard & Poor's ameaçasse recentemente rebaixar a nota de crédito do governo do Reino Unido, que hoje está no nível máximo. O alerta, afirmou a agência na ocasião, foi baseado na previsão de que a dívida pública se aproximará de 100% do PIB em 2013.
Na prática, um rebaixamento da classificação da nota pode tornar ainda mais difícil para o governo colocar as contas em dia. Uma nota menor significa que os títulos do governo (que é a forma como ele financia a sua dívida) serão considerados mais arriscados e, portanto, Londres terá que pagar juros maiores para atrair investidores, comprometendo ainda mais as suas contas.
A expectativa do governo britânico é que a economia volte logo a crescer, o que trará dois efeitos principais: 1) o emprego vai se recuperar e as pessoas vão voltar a gastar, o que deve elevar a arrecadação; 2) o governo poderá reduzir seus gastos com estímulo fiscal.
Porém, para que a dívida pública fique abaixo de 40% do PIB (como prometido pelos trabalhistas, partido que está no poder desde 1998, com o ex-primeiro-ministro Tony Blair e com o atual, Gordon Brown), o ritmo de crescimento terá que ser acelerado, ou o governo terá que diminuir fortemente seus gastos ou aumentar expressivamente os impostos -duas tarefas não exatamente populares.
Mas os sinais de recuperação da economia britânica ontem ganharam um sinal amarelo, depois da divulgação das vendas do varejo. Em maio, as vendas caíram 0,6% ante o mês anterior, depois de dois meses seguidos de alta. No primeiro trimestre deste ano, o PIB da segunda maior economia europeia encolheu 1,9%, a maior queda desde 1979. Já a taxa de desemprego, de 7,2%, está no maior nível em 12 anos.
A expansão das dívidas dos governos foi motivo de preocupação no encontro dos ministros de Finanças do G8 (grupo que reúne oito das maiores economias globais) na semana passada. Eles disseram que é necessário preparar o pós-crise, com a redução dos déficits fiscais, que subiram fortemente em 2008 com a criação de pacotes de estímulo bilionários.


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