São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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Emergente põe EUA e Europa na berlinda

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Enquanto o mercado absorvia o plano de regulação financeira de Barack Obama, políticos e estudiosos de todo o mundo se reuniam no sétimo andar do Newseum, em Washington, na manhã de ontem, para um seminário com previsões para os EUA no "futuro em comum de um mundo multipolar".
Pois, a julgar pelas manifestações dos integrantes da mesa e da plateia do evento patrocinado por Deutsche Bank e Brookings Institution, entre outros, o futuro será de um mundo em que EUA e Europa se sentam na berlinda e balançam a cabeça em anuência enquanto são criticados pelos países emergentes por suas políticas que levaram à crise atual.
"Conhecida nos anos 80 como o continente das crises, a América Latina está agora numa posição única, que lembra de algum modo seu destino durante a Grande Depressão", disse o governador José Serra (PSDB), de São Paulo, o participante brasileiro da mesa. "Da mesma maneira como há 80 anos, ela se encontra hoje como a vítima, e não a causadora da crise econômica."
Os causadores, disse Yao Yang, vice-diretor do centro de Pesquisa Econômica de Pequim, o participante chinês, são os EUA e sua incapacidade de produzir e poupar mais. Também a Europa e as economias mais ricas e sua recusa em dividir o poder com os emergentes em instituições multilaterais como o FMI e o Banco Mundial.
Da plateia, o historiador britânico Simon Schama perguntava se não era hora de mudar o receituário do Ocidente de uma vez. Na mesa, David Lipton, assistente especial para assuntos econômicos internacionais da Casa Branca, e Friedrich Merz, ex-presidente da União Democrata Cristã, da primeira-ministra Angela Merkel, se defendiam.
"Concordo com a importância de poupar e de investir em educação e inovação tecnológica a longo prazo", afirmou Lipton, "mas a pergunta é: o que fazer agora?"
Serra, que no começo de sua fala dissera que estava lá não como governador, mas como economista e professor universitário, defendeu que a recuperação global será liderada pelos mercados emergentes, "principalmente as grandes economias da Ásia e da América Latina com mercados domésticos de tamanho considerável".


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