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Emergente põe EUA e Europa na berlinda
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Enquanto o mercado absorvia o plano de regulação
financeira de Barack Obama,
políticos e estudiosos de todo o mundo se reuniam no
sétimo andar do Newseum,
em Washington, na manhã
de ontem, para um seminário com previsões para os
EUA no "futuro em comum
de um mundo multipolar".
Pois, a julgar pelas manifestações dos integrantes da
mesa e da plateia do evento
patrocinado por Deutsche
Bank e Brookings Institution, entre outros, o futuro
será de um mundo em que
EUA e Europa se sentam na
berlinda e balançam a cabeça
em anuência enquanto são
criticados pelos países emergentes por suas políticas que
levaram à crise atual.
"Conhecida nos anos 80
como o continente das crises, a América Latina está
agora numa posição única,
que lembra de algum modo
seu destino durante a Grande Depressão", disse o governador José Serra (PSDB), de
São Paulo, o participante
brasileiro da mesa. "Da mesma maneira como há 80
anos, ela se encontra hoje como a vítima, e não a causadora da crise econômica."
Os causadores, disse Yao
Yang, vice-diretor do centro
de Pesquisa Econômica de
Pequim, o participante chinês, são os EUA e sua incapacidade de produzir e poupar
mais. Também a Europa e as
economias mais ricas e sua
recusa em dividir o poder
com os emergentes em instituições multilaterais como o
FMI e o Banco Mundial.
Da plateia, o historiador
britânico Simon Schama
perguntava se não era hora
de mudar o receituário do
Ocidente de uma vez. Na mesa, David Lipton, assistente
especial para assuntos econômicos internacionais da
Casa Branca, e Friedrich
Merz, ex-presidente da
União Democrata Cristã, da
primeira-ministra Angela
Merkel, se defendiam.
"Concordo com a importância de poupar e de investir em educação e inovação
tecnológica a longo prazo",
afirmou Lipton, "mas a pergunta é: o que fazer agora?"
Serra, que no começo de
sua fala dissera que estava lá
não como governador, mas
como economista e professor universitário, defendeu
que a recuperação global será liderada pelos mercados
emergentes, "principalmente as grandes economias da
Ásia e da América Latina
com mercados domésticos
de tamanho considerável".
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