São Paulo, domingo, 19 de julho de 2009

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Fazenda de São Paulo quer cobrar ICMS de Tania Bulhões

Loja da empresária, suspeita de fraude na importação de artigos de luxo, será investigada por sonegação do imposto

Não há estimativas de quanto a loja sonegou; no caso Daslu, o governo do Estado identificou R$ 500 mi de impostos não pagos

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo vai investigar se a loja Tania Bulhões, alvo da Operação "Porto Seguro", sonegou ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) entre 2004 e 2006.
A loja está na mira da Receita Federal, do Ministério Público Federal de São Paulo e da Polícia Federal por suspeita de importar móveis e objetos de decoração de luxo de forma fraudulenta e subfaturar os preços em até 70% para burlar o pagamento de imposto de importação e de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Quando a Daslu foi fiscalizada por prática de importação irregular em 2005, a Fazenda paulista identificou sonegação de ICMS e autuou a butique em cerca de R$ 500 milhões. Parte desse valor já foi paga e parte está em discussão.
A Fazenda já pediu formalmente cópia dos documentos e do material apreendido em computadores, notebooks e pen drives recolhidos pelos policiais nas duas lojas da empresária Tania Bulhões, em dois escritórios de contabilidade e em duas residências na última terça-feira. A partir dessas informações, o fisco paulista vai calcular o montante do ICMS devido e cobrar Tania Bulhões.
A Receita Federal e a Secretaria da Fazenda paulista têm convênio para compartilhar informações quando ocorrem ações de fiscalização.

Em estudo
Não há estimativa ainda de quanto a loja Tania Bulhões sonegou de impostos federais e estadual. Auditores da Receita encontraram notas fiscais entre 2004 e 2006 que mostram que a loja importava mercadorias da Europa por meio de duas empresas localizadas em um mesmo endereço em Miami (EUA) e de quatro tradings, com a intenção de driblar o pagamento de impostos.
Nas declarações de importação, o nome da loja de Tania Bulhões era omitido. Essa prática, segundo fiscais, contraria instrução normativa nº 225 da Receita, de 2002, que determina que o verdadeiro importador seja identificado nos documentos de importação.

Agilidade
A Polícia Federal deve encerrar em até 60 dias o inquérito que investiga o esquema que envolveu a loja Tania Bulhões.
O que os policias analisam neste momento é se a prática de importação irregular, que ocorreu entre 2004 e 2006, se estende até agora. Também querem saber se o pagamento das mercadorias compradas de fornecedores europeus era feito somente pelo sistema de remessa de dinheiro conhecido como dólar-cabo ou se a empresária mantinha conta no exterior, abastecida por doleiros e não por operações regulares declaradas ao Banco Central.
Pelo sistema dólar-cabo, um doleiro recebe dinheiro em uma conta no exterior e coloca à disposição o mesmo valor no Brasil, em troca de uma comissão. Não há movimentação física de valores nem transações eletrônicas, para evitar o rastreamento das operações.
Os envolvidos no caso Tania Bulhões, segundo a PF, são suspeitos de cometer crimes de descaminho (importação de mercadoria sem passar pela alfândega), sonegação fiscal, falsidade ideológica, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Desde o dia da Operação "Porto Europa", a Folha tem procurado a empresária Tania Bulhões, por meio de sua assessoria de imprensa, para comentar a ação fiscal em suas lojas. Segundo a assessoria, a empresária está em férias na França.


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