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Fazenda de São Paulo quer cobrar ICMS de Tania Bulhões
Loja da empresária, suspeita de fraude na importação de artigos de luxo, será investigada por sonegação do imposto
Não há estimativas de quanto a loja sonegou; no caso Daslu, o governo do Estado identificou R$ 500 mi de impostos não pagos
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Fazenda do
Estado de São Paulo vai investigar se a loja Tania Bulhões, alvo
da Operação "Porto Seguro",
sonegou ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e
Serviços) entre 2004 e 2006.
A loja está na mira da Receita
Federal, do Ministério Público
Federal de São Paulo e da Polícia Federal por suspeita de importar móveis e objetos de decoração de luxo de forma fraudulenta e subfaturar os preços
em até 70% para burlar o pagamento de imposto de importação e de IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados).
Quando a Daslu foi fiscalizada por prática de importação irregular em 2005, a Fazenda
paulista identificou sonegação
de ICMS e autuou a butique em
cerca de R$ 500 milhões. Parte
desse valor já foi paga e parte
está em discussão.
A Fazenda já pediu formalmente cópia dos documentos e
do material apreendido em
computadores, notebooks e
pen drives recolhidos pelos policiais nas duas lojas da empresária Tania Bulhões, em dois
escritórios de contabilidade e
em duas residências na última
terça-feira. A partir dessas informações, o fisco paulista vai
calcular o montante do ICMS
devido e cobrar Tania Bulhões.
A Receita Federal e a Secretaria da Fazenda paulista têm
convênio para compartilhar informações quando ocorrem
ações de fiscalização.
Em estudo
Não há estimativa ainda de
quanto a loja Tania Bulhões sonegou de impostos federais e
estadual. Auditores da Receita
encontraram notas fiscais entre 2004 e 2006 que mostram
que a loja importava mercadorias da Europa por meio de
duas empresas localizadas em
um mesmo endereço em Miami (EUA) e de quatro tradings,
com a intenção de driblar o pagamento de impostos.
Nas declarações de importação, o nome da loja de Tania
Bulhões era omitido. Essa prática, segundo fiscais, contraria
instrução normativa nº 225 da
Receita, de 2002, que determina que o verdadeiro importador seja identificado nos documentos de importação.
Agilidade
A Polícia Federal deve encerrar em até 60 dias o inquérito
que investiga o esquema que
envolveu a loja Tania Bulhões.
O que os policias analisam
neste momento é se a prática
de importação irregular, que
ocorreu entre 2004 e 2006, se
estende até agora. Também
querem saber se o pagamento
das mercadorias compradas de
fornecedores europeus era feito somente pelo sistema de remessa de dinheiro conhecido
como dólar-cabo ou se a empresária mantinha conta no exterior, abastecida por doleiros e
não por operações regulares
declaradas ao Banco Central.
Pelo sistema dólar-cabo, um
doleiro recebe dinheiro em
uma conta no exterior e coloca
à disposição o mesmo valor no
Brasil, em troca de uma comissão. Não há movimentação física de valores nem transações
eletrônicas, para evitar o rastreamento das operações.
Os envolvidos no caso Tania
Bulhões, segundo a PF, são suspeitos de cometer crimes de
descaminho (importação de
mercadoria sem passar pela alfândega), sonegação fiscal, falsidade ideológica, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Desde o dia da Operação
"Porto Europa", a Folha tem
procurado a empresária Tania
Bulhões, por meio de sua assessoria de imprensa, para comentar a ação fiscal em suas lojas. Segundo a assessoria, a empresária está em férias na
França.
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