São Paulo, Quinta-feira, 19 de Agosto de 1999
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MERCOSUL
Déficit atinge US$ 361,4 mi
Brasil ainda perde nas trocas com a Argentina

DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília

O Brasil arcou com déficit de US$ 361,4 milhões no comércio com a Argentina de janeiro a julho deste ano. A cifra foi equivalente a 68,8% do saldo negativo geral do país na balança comercial no mesmo período, de US$ 525 milhões.
Em igual período do ano passado, o Brasil suportou peso proporcionalmente menor do comércio com seu principal parceiro do Mercosul. O déficit no comércio bilateral somou US$ 613 milhões, apenas 26,9% do saldo negativo total.
Nos sete primeiros meses deste ano, as exportações brasileiras para a Argentina somaram US$ 2,905 bilhões. As importações de produtos do país vizinho chegaram a US$ 3,267 bilhões.
Apesar de haver livre comércio entre os dois países desde o início do ano, menos para o intercâmbio de automóveis e de açúcar, as exportações do Brasil para a Argentina caíram 28,79% de janeiro a julho, em comparação com igual período de 1998.
Essa queda foi bem superior à verificada nos embarques totais do Brasil (US$ 26,563 bilhões), que foi de 14,14%. As importações de produtos argentinos caíram ainda mais: 30,38%. Nesse caso, também ficaram acima dos desembarques totais realizados no Brasil, que recuaram 18,45% e somaram US$ 27,088 bilhões.
Na avaliação do secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), José Botafogo Gonçalves, esses dados apontam um "achatamento" na tendência de crescimento no comércio bilateral verificada de 1994 a 1998. Essa limitação, acrescentou ele, deverá se manter no futuro.
"O comércio bilateral não atingiu seu ponto máximo. O que há é uma tendência de crescimento menor", afirmou Botafogo. "Ambos os países terão de exportar para terceiros mercados", acrescentou.
Ele ainda reiterou a tese que o Brasil vem defendendo em recentes negociações com a Argentina para aliviar os conflitos comerciais gerados pela desvalorização do real e pela reação protecionista do país vizinho.
"A desvalorização não teve nenhuma influência nas exportações brasileiras. A redução no comércio com a Argentina está mais ligada à queda na atividade econômica nos dois países", afirmou Botafogo.

Calçados avançam
Os dados da balança comercial, entretanto, mostram que houve aumento de 68,84% nos embarques brasileiros de calçados de janeiro a julho, em relação a igual período de 1998. Por conta disso, a Argentina ameaça impor travas à entrada do produto brasileiro em seu território.
O principal item do comércio bilateral e também o mais regulado deles, material de transportes, foi o mais foi afetado nos sete primeiros meses do ano. O Brasil contabilizou déficit bilateral de US$ 63 milhões nesse setor.
As importações da Argentina somaram US$ 732,4 milhões, cifra 53,3% menor que a de janeiro a julho de 1998. Os desembarques de produtos do setor no país vizinho chegaram a US$ 669,4 milhões, queda de 46,77%
O Brasil contabilizou superávit de US$ 268,1 milhões em seu comércio com o Paraguai e de mais US$ 367,8 milhões nas transações com o Uruguai. No final das contas, o saldo brasileiro com o Mercosul ficou negativo em apenas US$ 85 milhões.


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