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MERCOSUL
Déficit atinge US$ 361,4 mi
Brasil ainda perde nas trocas com a Argentina
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
O Brasil arcou com déficit de
US$ 361,4 milhões no comércio
com a Argentina de janeiro a julho deste ano. A cifra foi equivalente a 68,8% do saldo negativo
geral do país na balança comercial no mesmo período, de US$
525 milhões.
Em igual período do ano passado, o Brasil suportou peso proporcionalmente menor do comércio com seu principal parceiro do Mercosul. O déficit no comércio bilateral somou US$ 613
milhões, apenas 26,9% do saldo
negativo total.
Nos sete primeiros meses deste
ano, as exportações brasileiras
para a Argentina somaram US$
2,905 bilhões. As importações de
produtos do país vizinho chegaram a US$ 3,267 bilhões.
Apesar de haver livre comércio
entre os dois países desde o início
do ano, menos para o intercâmbio de automóveis e de açúcar, as
exportações do Brasil para a Argentina caíram 28,79% de janeiro
a julho, em comparação com
igual período de 1998.
Essa queda foi bem superior à
verificada nos embarques totais
do Brasil (US$ 26,563 bilhões),
que foi de 14,14%. As importações
de produtos argentinos caíram
ainda mais: 30,38%. Nesse caso,
também ficaram acima dos desembarques totais realizados no
Brasil, que recuaram 18,45% e somaram US$ 27,088 bilhões.
Na avaliação do secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), José Botafogo
Gonçalves, esses dados apontam
um "achatamento" na tendência
de crescimento no comércio bilateral verificada de 1994 a 1998. Essa limitação, acrescentou ele, deverá se manter no futuro.
"O comércio bilateral não atingiu seu ponto máximo. O que há é
uma tendência de crescimento
menor", afirmou Botafogo. "Ambos os países terão de exportar
para terceiros mercados", acrescentou.
Ele ainda reiterou a tese que o
Brasil vem defendendo em recentes negociações com a Argentina
para aliviar os conflitos comerciais gerados pela desvalorização
do real e pela reação protecionista
do país vizinho.
"A desvalorização não teve nenhuma influência nas exportações brasileiras. A redução no comércio com a Argentina está mais
ligada à queda na atividade econômica nos dois países", afirmou
Botafogo.
Calçados avançam
Os dados da balança comercial,
entretanto, mostram que houve
aumento de 68,84% nos embarques brasileiros de calçados de janeiro a julho, em relação a igual
período de 1998. Por conta disso,
a Argentina ameaça impor travas
à entrada do produto brasileiro
em seu território.
O principal item do comércio
bilateral e também o mais regulado deles, material de transportes,
foi o mais foi afetado nos sete primeiros meses do ano. O Brasil
contabilizou déficit bilateral de
US$ 63 milhões nesse setor.
As importações da Argentina
somaram US$ 732,4 milhões, cifra 53,3% menor que a de janeiro
a julho de 1998. Os desembarques
de produtos do setor no país vizinho chegaram a US$ 669,4 milhões, queda de 46,77%
O Brasil contabilizou superávit
de US$ 268,1 milhões em seu comércio com o Paraguai e de mais
US$ 367,8 milhões nas transações
com o Uruguai. No final das contas, o saldo brasileiro com o Mercosul ficou negativo em apenas
US$ 85 milhões.
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