São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
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SEMINÁRIO
Consultor da Unctad faz críticas às ações do FMI

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O economista Jan Kregel, consultor da Unctad, o órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) que cuida das áreas de comércio e desenvolvimento, fez dura crítica ao FMI (Fundo Monetário Internacional) em palestra durante o 13º Congresso Brasileiro e o 7º Congresso Latino-Americano de Economistas, que terminou sexta-feira, no Rio de Janeiro.
Kregel disse que, em vez de socorrer os países em dificuldades para manter políticas de crescimento, os fundos do FMI "foram usados para preservar as posições de riqueza dos países ricos" investidas em países pobres que enfrentaram dificuldades para cumprir seus compromissos externos.
Em outras palavras, ele disse que os empréstimos do FMI a países em dificuldades, como o Brasil, têm a finalidade de permitir que esses países honrem as aplicações feitas em seus mercados por investidores dos países ricos.
Disse também que, para ter condições de ajudar os países a retomarem suas políticas de pleno emprego (de crescimento econômico), o FMI precisaria ter muito mais dólares, e que isso tem sido negado ao Fundo pelo Congresso dos Estados Unidos.
Kregel, que vai divulgar nos próximos dias o relatório da Unctad deste ano com uma análise da situação econômica mundial, defendeu a necessidade de se buscar uma nova ordem econômica que retire do dólar norte-americano o papel de moeda única nas transações internacionais.
Para ele, essa hegemonia do dólar provoca déficits nas contas externas dos próprios Estados Unidos que podem levar a uma situação de crise internacional quando um ajuste tornar-se inevitável.
Adepto das teses do economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946), Kregel disse que a solução seria a criação de uma moeda internacional, para uso exclusivo dos bancos centrais, a ser usada como padrão nas trocas internacionais.
A proposta é semelhante à que foi feita por Keynes na conferência de Bretton Woods, em 1944, que redefiniu a ordem econômica internacional após a 2ª Guerra Mundial.
A proposição de Keynes não foi aceita e Kregel disse ser "óbvio que a configuração política atual não é favorável" a uma mudança da ordem econômica mundial.


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