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Anatel pode adiar decisão sobre BrT-Oi
Agência aguarda relatório de consultoria sobre separação dos serviços de telefonia fixa e acesso à internet em banda larga
Decisão final da Anatel
sobre mudança em
regulamentação, prevista
para o fim deste mês,
pode ficar para dezembro
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão final da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) sobre a mudança
na regulamentação para permitir a compra da Brasil Telecom
pela Oi, inicialmente prevista
para o fim deste mês, poderá ficar para o início de dezembro.
O prazo foi dado pela própria
agência reguladora, no contrato com o CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos),
que fará os estudos sobre a separação em empresas diferentes de prestação dos serviços de
telefonia fixa e acesso à internet em banda larga -um dos
pontos mais polêmicos da mudança.
O CGEE, consultoria ligada
ao Ministério da Ciência e Tecnologia, foi contratado por R$
414 mil (sem licitação), para
"subsidiar a tomada de decisão
da Anatel relativa às disposições do artigo 9 da minuta do
Plano Geral de Outorgas". O
PGO é um decreto que divide o
país em áreas de atuação para
as concessionárias de telefonia
fixa. Com seu texto atual, impede que uma concessionária
compre outra, que atue em área
diferente.
Na proposta de revisão do
PGO, a Anatel, atendendo a recomendação do Ministério das
Comunicações, eliminou essa
restrição, que impede a compra
da Brasil Telecom pela Oi. Por
outro lado, a agência estabeleceu, no artigo 9 da minuta do
novo decreto, que as concessionárias de telefonia fixa não podem prestar outro tipo de serviço. Ou seja, se quiserem continuar a oferecer acesso à internet em banda larga, terão que
montar outra empresa.
A intenção da agência reguladora é tornar os custos de acesso à rede das concessionárias
mais transparentes e, com isso,
elevar a competição no mercado de acesso à internet em alta
velocidade, com o surgimento
de novas empresas, que usariam a rede das concessionárias. As operadoras de telefonia
fixa são contra, alegando que
haverá aumento de custos e,
por isso, os preços dos serviços
subirão. Os ministérios das Comunicações e da Fazenda concordam com as empresas.
A separação foi proposta pela
própria área técnica da agência,
mas não é consenso dentro do
órgão. Por isso, houve a decisão
de contratar o CGEE para fazer
um estudo sobre o assunto. A
consultoria terá que analisar,
entre outros aspectos, a viabilidade jurídica da separação, impactos sobre as tarifas de telefonia fixa e banda larga, impacto sobre os índices de inflação e
sobre a competição.
Relator
De acordo com Pedro Jaime
Ziller, conselheiro da Anatel relator das mudanças no PGO, a
decisão da agência deverá ser
tomada antes da conclusão dos
estudos. "O estudo não é determinante para a tomada de decisão. Vai apontar prós e contras,
que podem ser úteis para regulamentações que poderão ser
feitas depois", disse.
A área técnica da agência está
analisando as contribuições
feitas durante o processo de
consulta pública e formatando
nova versão do documento. Segundo Ziller, uma vez que os
trabalhos técnicos estejam
concluídos, ele deverá levar de
15 a 20 dias para aprontar nova
versão do PGO e colocar em votação no conselho diretor da
agência.
Ainda de acordo com Ziller, o
próprio ministério poderá
aproveitar o resultado dos estudos do CGEE. "A versão final
da Anatel é uma proposta para
o Executivo. O governo pode fazer modificações, porque é um
decreto", afirmou.
Na semana passada, o ministro das Comunicações, Hélio
Costa, cobrou da Anatel mais
agilidade na discussão sobre
mudanças no PGO. Ele disse
que "os prazos já estão razoavelmente vencidos" e que espera receber a "qualquer momento" a proposta da agência.
Questionado na ocasião, o
presidente da Anatel, Ronaldo
Sardenberg retrucou: "O ministro tem a visão dele, ele é político e eu sou regulador." E evitou definir prazos.
Diante da divisão na agência,
o governo aposta na presença
de Emília Ribeiro, que tomou
posse como diretora da Anatel
na semana passada, para acelerar a discussão.
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