São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Campo de Iara pode ultrapassar concessão

Presidente da Petrobras vê indícios de que reservas excedem limites do bloco

Gabrielli afirma que, se for comprovado que limite é maior do que o concedido à empresa, será necessário fazer "unitização" das áreas

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou ontem que há indícios de que as reservas do campo de Iara, na bacia de Santos, ultrapassam os limites do bloco concedido à empresa. Nesse caso, disse, seria necessário fazer a unitização das áreas.
"Dadas as informações que temos hoje, achamos que provavelmente em Tupi estaremos contidos dentro do bloco, e em Iara provavelmente estaremos fora do bloco", afirmou ele, no encerramento da feira Rio Oil & Gas, no Riocentro, na zona oeste do Rio.
Gabrielli não explicou, porém, se os limites do reservatório se estenderiam sobre áreas da União ou sobre outros blocos já concedidos. Nas proximidades de Iara estão os poços de Pirapitanga, Icarapiá, Tambaú, Uruguá e Tambuatá, operados pela Petrobras, e Atlanta e Oliva, operados pela Shell.
A legislação brasileira prevê que, nesses casos, é preciso fazer a unitização das áreas. A ANP (Agência Nacional de Petróleo) ficaria responsável por determinar a participação de cada empresa no bloco.
Segundo Gabrielli, porém, os indícios mostram que o projeto piloto de Tupi, o primeiro que vai entrar em operação, não ultrapassa a área concedida.
Ele disse que até agora foram concedidos 41 mil dos 112 mil quilômetros quadrados da área com características geológicas do pré-sal. Isso corresponde a 38% do total. "A nação precisa decidir o que fazer, porque 62% de área não concedida permite ao país aumentar a apropriação da renda petrolífera."
Ele defendeu, porém, que as empresas que já arremataram blocos na região não sejam prejudicadas com as mudanças. "Elas assumiram riscos importantes e devem ser remuneradas pelos riscos que correram", afirmou o presidente da Petrobras.

Crise
Gabrielli voltou a afirmar que a crise internacional deve diminuir a oferta mundial de crédito. Segundo ele, porém, os efeitos não devem durar por muito tempo. "Na nossa visão isso é um impacto de médio prazo. Não é possível que essa crise se prolongue por muito tempo", disse.
O presidente da Petrobras afirmou ainda que os projetos para a área do pré-sal não devem ser prejudicados, porque "bons projetos sempre conseguem financiamento". Ele disse, porém, que essa não é a hora de buscar recursos no mercado. "Para tentar acessar o mercado de capitais agora tem que ser louco", disse.
Gabrielli afirmou também não se preocupar com a queda recente do preço do petróleo, porque o planejamento de Tupi foi para o petróleo a US$ 35.


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