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Zoneamento veta usinas em duas regiões de São Paulo
Vales do Ribeira e do Paraíba são considerados áreas inadequadas para cana
Usineiros avaliam que nova
classificação pode dificultar
instalação de unidades, mas
que não impedirá expansão
das que já estão operando
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A instalação de usinas de
açúcar e álcool nos vales do Ribeira e do Paraíba e em algumas regiões do interior paulista
foi vetada pelo zoneamento
agroambiental, anunciado ontem pelo governo do Estado.
De acordo com o estudo, elaborado pelas secretarias de Estado do Meio Ambiente e da
Agricultura e Abastecimento, a
instalação desse tipo de indústria em alguns pontos foi vetada pela presença de unidades
de conservação no entorno, bacias aéreas (indica qualidade do
ar), topografia, condições hidrográficas e climáticas.
O Estado concluiu que, dos
24,8 milhões de hectares disponíveis para plantio, em 6,7 milhões não há condições adequadas para a cana. Em outros 3,9
milhões, as condições são adequadas. Também adequados,
mas com limitações ambientais
(têm reservas naturais ou áreas
de proteção ambiental), são 8,6
milhões de hectares, enquanto
em 5,5 milhões de hectares há
adequação, mas com restrições
ambientais (áreas críticas).
O trabalho mostra ainda que,
segundo estimativas baseadas
em pedidos de licença para novas unidades, até 2010 a área
atingida pela cana, que hoje é
de 4,8 milhões de hectares, poderá chegar a 6,2 milhões.
"O zoneamento concluiu que
é inadequada a instalação de
usinas no Vale do Ribeira e no
Vale do Paraíba, chegando no
sudoeste paulista, fundamentalmente por conta de topografia", afirmou o secretário da
Agricultura, João Sampaio.
Expansão
Há áreas consideradas inadequadas ou com restrições ambientais até na macrorregião de
Ribeirão Preto, principal pólo
produtor do país. A Unica
(União da Indústria da Cana-de-Açúcar) afirma que o zoneamento pode dificultar a implantação de novas usinas, mas
a entidade mantém a expectativa de não haver empecilhos para a expansão das já existentes.
Por meio da sua assessoria de
imprensa, o presidente da entidade, Marcos Jank, disse que os
dados apresentados confirmam que o governo reconhece
a sustentabilidade do cultivo.
"Mesmo nas áreas inadequadas, a pessoa pode ter cana,
porque o zoneamento não proíbe o plantio. O que o zoneamento define é um modelo, um
rumo, para a questão das indústrias", disse Sampaio.
O zoneamento definiu também a imposição de regras nas
chamadas zonas de amortecimento, que são as áreas que,
embora sejam adequadas, têm
restrições ambientais.
O usineiro Maurilio Biagi Filho, integrante do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social, afirmou que o zoneamento é positivo por permitir o
avanço da cultura em São Paulo, sem competir com a produção de alimentos.
"São 4 milhões de hectares
absolutamente aptos e mais 14
milhões com alguma restrição.
Como tem muito para crescer,
o saldo é positivo", disse.
"Ninguém planta ou vai plantar cana-de-açúcar em local
impróprio. Ninguém melhor
que o agricultor para saber disso. A própria não-possibilidade
de queimar cana a partir de
2014 em áreas mecanizáveis,
por causa do protocolo
agroambiental assinado entre o
Estado e as usinas, já é quase
um zoneamento do ponto de
vista topográfico", afirmou.
Além do zoneamento divulgado ontem pelo Estado, órgãos de pesquisa de São Paulo
concluíram um zoneamento
oficial para o governo federal.
"Entregamos o documento para a ministra Dilma [Casa Civil], que pediu retificações, que
estão sendo concluídas", disse
Hilton Silveira Pinto, diretor
do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
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