São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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PREÇOS

Puxados pela alta do dólar, alimentos pressionam a taxa na segunda prévia de outubro e elevam o índice para 0,89%

Para Fipe, alta dos juros segura a inflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Pressionados pela alta do dólar, os alimentos continuam empurrando para cima a taxa de inflação. Nos últimos 30 dias até 15 deste mês, os preços subiram 0,89%. A taxa deve recuar nas próximas semanas, mas outubro terá taxa de 0,80%, acima do 0,60% previsto inicialmente.
O câmbio vai continuar mantendo pressão sobre os preços nos próximos meses, mas a inflação não deverá sair do controle. A preocupação do governo com a manutenção das metas inflacionárias (demonstrada com a alta da taxa de juros de 18% ao ano para 21%) e a perda do poder de compra devem inibir reajustes acelerados de preços, diz o economista Juarez Rizzieri, da Fipe.
"O aumento da taxa de juros para 21% não freia a inflação, mas ajuda a contê-la", diz Rizzieri. Para ele, esse o aumento dos juros evita a reindexação dos preços.
O controle da inflação é extremamente necessário neste momento, diz o economista. O avanço da taxa para dois dígitos traria reivindicação de indexação dos preços. Daí para taxas galopantes e para a hiperinflação seria apenas um passo. Mas não há nada que revele uma escalada de preços, diz ele. Mesmo após a desvalorização da moeda em 60% neste ano, os preços ao consumidor continuam com reajustes inferiores a 10%.
Rizzieri diz que dificilmente o câmbio vai acima do que já chegou e que, diminuída a pressão da rolagem da dívida, o efeito especulativo também será menor.
A tempestade atual é pela indefinição do novo governo, diz Rizzieri. A inflação nos próximos meses, no entanto, será o termômetro do governo que for eleito. Considerando a hipótese de ser eleito um governo de oposição, o economista da Fipe diz que ele terá três caminhos a seguir.
Primeiro, poderá optar por poucas mudanças, o que dará tranquilidade ao mercado. Segundo, poderá fazer um governo de confrontação com o mercado, o que seria o caos. Terceiro, optar por uma solução intermediária, que poderá gerar um governo confuso no início. O economista acredita que a terceira opção será a adotada pelo futuro governo.
As perspectivas são de taxa de 1% no último bimestre, levando a taxa anual para 5,5%, diz Rizzieri.


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