São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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ÁGUIA EM TRANSE

Petróleo mais caro e compra de roupas e eletrônicos levam rombo a US$ 38,46 bi em agosto, o maior da história

Déficit comercial dos EUA bate novo recorde

DA REDAÇÃO

O déficit comercial norte-americano disparou para US$ 38,46 bilhões em agosto, o maior valor nominal já registrado pelo país. O aumento no preço do petróleo e o crescimento na importação de produtos como roupas, brinquedos e eletrônicos foram os principais fatores que provocaram a deterioração das contas externas norte-americanas.
De julho para agosto, o saldo negativo saltou 9,7%, de acordo com o Departamento de Comércio dos EUA. Naquele mês, o déficit ficara em US$ 35,07 bilhões. Na conta do governo norte-americano são incluídas as trocas de mercadorias e também de serviços.
O déficit cresceu principalmente em relação à China, a Taiwan, ao México e a países exportadores de petróleo. Mas recuou ante a União Européia e o Japão.

Brasil ganha
O saldo positivo brasileiro recuou um pouco, de US$ 442 milhões, em julho, para US$ 397 milhões, em agosto. Mas o superávit no ano já é de US$ 1,7 bilhão, ante um déficit de US$ 1,27 bilhão no mesmo período do ano passado.
A América Latina ampliou seu superávit com os norte-americanos em cerca de 8% em agosto, enquanto no acumulado dos oito primeiros meses do ano o salto já é de 31% em comparação a igual período de 2001.
Em agosto, o superávit mexicano bateu um recorde histórico e atingiu US$ 3,5 bilhões. A China também teve um saldo recorde de US$ 10,86 bilhões.
De um modo geral, as importações norte-americanas cresceram 2% em agosto, para US$ 120,32 bilhões, o nível mais alto em 17 meses. As exportações recuaram 1,3%, para US$ 81,86 bilhões.
"A demanda de importados dos norte-americanos é insaciável", disse Ken Mayland, presidente da consultoria ClearView Economics. "Pelo menos a economia está crescendo."
Mas boa parte dos economistas não compartilha do otimismo de Mayland. Os crescentes déficits norte-americanos tornam o país mais dependente de investimentos externos, o que poderia provocar uma desestabilização dos mercados financeiros mundiais.
Para que o dólar não se desvalorize, os EUA precisam receber US$ 1 bilhão em investimentos ao dia. Com a crise de credibilidade que corroeu a imagem das empresas dos EUA, houve uma fuga de investidores estrangeiros, o que se refletiu em uma ligeira depreciação do dólar ante o euro e o iene e na queda das Bolsas.
Se o país deixar de receber o mínimo de capital necessário para financiar suas contas, o Federal Reserve (banco central dos EUA) poderia elevar as taxas de juros, o que secaria ainda mais os recursos externos para países como o Brasil. Por outro lado, a depreciação da moeda frearia as importações norte-americanas, afetando as vendas, principalmente, dos países asiáticos e também da América Latina.
A compra de bens de consumo, como roupas e eletrônicos, cresceu 4,2% em agosto. Já a importação de bens de capital, como equipamentos de telecomunicações, sofreu um pequeno recuo.
Segundo o Departamento de Comércio, o preço médio do barril de petróleo importado ficou em US$ 24,57, o maior valor desde dezembro de 2000. Em julho, a cotação média fora de US$ 23,72.
No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o déficit dos EUA chega a US$ 279,46 bilhões. Em igual período do ano passado, o buraco no comércio exterior era de US$ 250,78 bilhões.


Com agências internacionais

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