São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006

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Com risco no fornecimento de gás, país pode viver crise em 2008, afirma estatal

DA SUCURSAL DO RIO

O gerente de planejamento da produção de gás da Petrobras, Mauro Sant'Anna, disse ontem que 2008 é o período de "maior risco de ter uma crise energética" no país, quando haverá provavelmente a necessidade de acionar usinas termelétricas que não tem assegurado o fornecimento de gás. "O ano crítico para o sistema elétrico é 2008", disse.
Por conta disso, diz, não pode haver atraso no plano da estatal de investir US$ 8 bilhões para antecipar a oferta de gás no Sudeste em 24 milhões de metros cúbicos/dia até 2008.
Depois da crise com a Bolívia, a Petrobras decidiu antecipar a produção de 14 milhões de metros cúbicos de gás, especialmente em campos no Espírito Santo e da bacia de Santos.
Duas plataformas serão alugadas provisoriamente para garantir a produção antecipada de cerca de 10 milhões de metros cúbicos de gás até 2008 no Espírito Santo. Essas unidades serão substituídas no futuro por plataformas próprias da estatal, a serem construídas no Brasil, segundo Sant'Anna.
Na bacia de Santos (litoral do Rio e São Paulo), será antecipada a produção de 2,5 milhões de metros cúbicos/dia até 2008.
Outros projetos de gás que já estavam em curso especialmente irão garantir um acréscimo 10 milhões de metros cúbicos/dia à produção atual de gás.
Ao final de 2008, a produção no Sudeste deve chegar a 40 milhões de metros cúbicos, assegurando, com os 30 milhões de metros cúbicos importados da Bolívia, o consumo previsto para o ano (70 milhões metros cúbicos). "Pelas previsões do setor elétrico, é o ano em que a gente vai ter necessidade de despacho massivo de térmicas, por isso estamos desenvolvendo todo esse plano para ter gás e garantir o despacho térmico [entrada em operação das usinas em caso de falta de água nos reservatórios]", afirmou.
Além do plano de aumento da oferta de gás, a Petrobras trabalha ainda em outras duas frentes: manter a negociação com a Bolívia e investir na importação de GNL (Gás Liqüefeito de Petróleo). Inicialmente, a Petrobras esperava ampliar o contrato de importação da Bolívia dos atuais 30 milhões de metros cúbicos para 40 milhões de metros cúbicos. Diante da nacionalização dos ativos da estatal brasileira no país e do aumento do imposto sobre a produção de gás, a companhia brasileira desistiu da idéia, sob o temor de aumentar ainda mais sua dependência em relação à Bolívia.

Potencial
Sant'Anna avalia que existe um risco potencial de a Bolívia não cumprir o contrato, apesar de a possibilidade ser pouco provável em razão da dependência do país vizinho. "Para o Brasil, ficar sem gás seria uma gripe. Mas, para a Bolívia, seria uma pneumonia, já que os bolivianos não têm outra alternativa para vender o gás."
Mas, se for necessário, diz, a estatal poderá dobrar a importação de GNL (Gás Liqüefeito de Petróleo). (PS)


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