São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006

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Costa apóia o padrão de rádio digital dos EUA

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois de receber, em seu gabinete, um manifesto dos donos de emissoras de rádio, o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), declarou-se favorável à escolha do padrão americano (Iboc) para a implantação do rádio digital no país, assim como as emissoras.
"Agora vou ser americano, não vou ser japonês", disse o ministro, em palestra para funcionários públicos no auditório do ministério. Ele se referia ao processo de escolha do padrão para TV digital. Em junho, o governo oficializou a escolha do padrão japonês para as transmissões na TV digital.
Costa tem ligações com o setor de radiodifusão. Até abril deste ano, era sócio de uma rádio FM em Barbacena (MG). Teve de se afastar da emissora, seguindo orientação da Comissão de Ética Pública, órgão ligado à Presidência da República.
"Estou absolutamente convencido de que o sistema americano para o rádio digital é o melhor, porque transmite dentro da mesma faixa, o mesmo aparelho receptor serve para ouvir rádio AM, FM, analógico e digital", disse Costa, na saída da palestra, ao ser questionado por jornalistas sobre a definição do padrão. A decisão, ressalvou, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ministro, assim como foi feito no processo de escolha do padrão de TV digital, será elaborado um comitê de ministros que discutirá a questão tecnicamente. Após as discussões, eles sugerirão a Lula a adoção de um modelo.
Na palestra aos funcionários, o ministro disse esperar que o sistema de rádio digital esteja implantado até o final de 2007.

Crítica
Para Diogo Moyses, coordenador-executivo do Intervozes, associação civil que trata da democratização das comunicações, a escolha do padrão americano é ruim.
"É o pior de todos os padrões. É o que mais estrangula o espectro [espaço de faixas de freqüência por onde é transmitida a programação]. Vai expulsar as emissoras que estão na beirada do "dial"."
Segundo Moyses, as emissoras menores, com menos poder econômico, vão ter dificuldades em se manter com a adoção do padrão americano porque os detentores do direito da tecnologia cobram royalties e taxas anuais. "Para as pequenas rádios e para as rádios comunitárias, vai ser a morte."


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