|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASTIDORES
Furlan definirá vice no banco
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa operação conduzida pelo Palácio do Planalto,
já está acertado com o novo presidente do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social), Guido Mantega, que o
vice dele no banco será alguém da
confiança do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). Furlan busca um executivo de
uma grande empresa ou de banco
para a função.
A Folha apurou que esse acerto
foi feito anteontem, véspera de
Mantega ser indicado para substituir Carlos Lessa -um desafeto
de Furlan. Esse acordo já faz parte
de uma articulação de apaziguamento entre o corpo de diretores
do BNDES e a equipe econômica
que trabalha em Brasília.
Nomeado presidente do
BNDES no início do governo Luiz
Inácio Lula da Silva sem o aval do
ministro Furlan, Lessa nunca respeitou a hierarquia e tratava diretamente com o presidente. Oficialmente, o presidente do
BNDES é subordinado ao Desenvolvimento.
Ontem, na sua primeira entrevista coletiva como presidente do
BNDES, Mantega saiu pela tangente ao ser indagado se se reportaria a Furlan ou se repetiria Lessa. Preferiu dizer que vai trabalhar
em equipe. O fato, porém, é que
deverá se enquadrar nas diretrizes
da equipe econômica.
A escolha de Mantega para o comando do BNDES é uma vitória
do ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho. Desde o início do
governo, Carlos Lessa tem sido
um crítico da política adotada pelo ministro. Nas reuniões internas, criticava abertamente Palocci
e o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles. Até aí Lula
aprovava, pois gostava do contraponto exercido pelo presidente
do BNDES.
O presidente da República, porém, ficava incomodado quando
Lessa atirava de público, a exemplo da entrevista que concedeu à
Folha na semana passada, em que
classificou de "pesadelo" a gestão
de Meirelles e atacou a política de
juros altos.
Executivo
A interlocutores, o ministro
Furlan disse que buscará um gerente para ocupara a vice-presidência do banco.
Lessa era criticado por supostamente não ser um bom executivo,
mas apenas um teórico. Ao indicar uma pessoa de sua confiança,
Furlan tentará garantir um maior
controle sobre as ações da instituição. Ele avalia que elas precisam estar coordenadas com ações
da pasta do Desenvolvimento e
que Lessa muitas vezes o atropelou. Nesse contexto, além do vice-presidente, também serão substituídos diversos diretores do banco.
O ministro chegou a sondar
banqueiros e empresários para
ocuparem o posto de presidente
da instituição.
No final, prevaleceu a indicação
de Mantega, que partiu de uma
decisão do próprio presidente da
República. Segundo assessores
próximos ao ministro, ele considerou o nome de Mantega uma
escolha que mantém a ponte com
os "desenvolvimentistas", mas
que porá fim a conflitos com a
área econômica.
O principal contato de Furlan
com Mantega, desde o início do
governo Lula, foi durante a elaboração do projeto de política industrial. Para o ministro, Mantega será um bom parceiro de trabalho, pois conhece as prioridades do governo.
Anteontem à noite, Furlan e
Mantega se reuniram em Brasília
para discutir as prioridades para o
banco. Mantega já havia aceitado
o convite de Lula na quarta. O
principal assunto no encontro foram as maneiras de agilizar a liberação de financiamentos. A falta
de celeridade na aprovação de
projetos foi um dos principais
motivos que levaram Carlos Lessa
a perder o cargo.
A decisão de demitir Lessa foi
tomada há cerca de um mês. As
críticas que ele fez ao presidente
do Banco Central, Henrique Meirelles, precipitaram a sua saída.
Furlan deixou claro para Lula
que a situação entre ele e o ex-presidente do BNDES era insustentável. O presidente, segundo a Folha apurou, sabia que poderia
perder seu ministro do Desenvolvimento, caso mantivesse Lessa
no cargo.
(ANDRÉ SOLIANI E KENNEDY ALENCAR)
Texto Anterior: Saiba mais: Economista deixa ministério sem aprovação da PPP Próximo Texto: Vitória ortodoxa: Demissão divide funcionários do BNDES Índice
|