São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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Gestão de Lessa teve atritos com o setor bancário

DA REPORTAGEM LOCAL

A divergência de Carlos Lessa com o setor bancário foi uma das marcas polêmicas de sua gestão. O ex-presidente do BNDES sempre criticou as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras, dando destaque ao "spread (diferença das taxas que os bancos cobram para captar e emprestar recursos). Para Lessa, os juros altos causavam transferência de renda do capital produtivo para o capital financeiro e também seriam responsáveis pela escassez de crédito disponível na economia. "O Brasil não cresce, só crescem os lucros dos bancos", disse Lessa certa vez.
Lessa trombou de frente com os bancos mais de uma vez.
Acusou a "gula" dos bancos de estar por trás da proposta de repasse dos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), administrados pelo BNDES, que seriam distribuídos diretamente pelas instituições financeiras privadas.
Na queda-de-braço, Lessa teria chegado a ligar para os membros do Codefat -Conselho Deliberativo do FAT, órgão que administra os recursos do fundo- para demovê-los de votar a favor da proposta. O direito de repasse do FAT é restrito aos bancos públicos.
Sob a gestão de Lessa, o BNDES ameaçou descredenciar bancos que cobrassem "spreads" excessivos para repassar dinheiro da instituição pública. Em 2003, a decisão de fazer empréstimos à Petrobras sem a intermediação dos bancos desagradou ao setor. Na época, Lessa afirmou que não havia razão para um grande cliente pagar "spread" adicional para conseguir recursos.
Segundo Lessa, outra preocupação era evitar que os agentes (instituições credenciadas) exigissem a compra de produtos extras para dar empréstimo com dinheiro público.


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