São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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VITÓRIA ORTODOXA

Planejamento pode ficar com aliado do ministro da Fazenda

Equipe de Lula deverá mudar mais e Palocci poderá se fortalecer

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse ontem que "provavelmente" haverá outras mudanças na equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além da presidência do BNDES e do Ministério do Planejamento, e que nesse processo o PT deve ceder espaço para outro partido da base aliada.
"O presidente fez algumas mudanças na equipe e provavelmente fará novas mudanças. Agora cabe a ele anunciar quais são e o momento. Tenho certeza de que ele está escalando a melhor seleção do país para fazer frente a tantos desafios e a tantas oportunidades", disse o senador.
Mercadante não quis antecipar que tipo de mudança poderia ser feita, mas o objetivo principal é atender o PMDB, partido que ameaça deixar a base governista.
Ontem à noite, dois nomes eram cotados para assumir o Ministério do Planejamento: o do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) e o do deputado Paulo Bernardo (PT-PR).
O primeiro conta com a resistência do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), que gostaria de ver no Planejamento o deputado Paulo Bernardo. A transferência de Ciro para o Planejamento, porém, abriria uma vaga na Integração Nacional, pasta cobiçada pelos peemedebistas.
Um nome aventado para a Integração Nacional foi o do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), mas ele mandou dizer ao governo que seu projeto continua sendo suceder José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado.
O que pode acontecer é Renan indicar um futuro ministro da Integração Nacional, que se transformaria no terceiro ministério peemedebista. Com essa nova pasta na cota do PMDB, o presidente Lula acredita que afasta qualquer possibilidade de saída do partido da base aliada.
Hoje, por sinal, Lula tem um jantar com a bancada dos senadores peemedebistas.
Na hipótese de vingar no Planejamento o nome de um petista, como o do deputado Paulo Bernardo, Lula pretende demitir outro ministro do PT para acomodar um terceiro nome do PMDB. No caso, o candidato à degola é o ministro Olívio Dutra (Cidades).
Questionado se haverá mais espaço para os partidos da base aliada na Esplanada dos Ministérios, Mercadante disse que "seguramente qualquer mudança vai nessa perspectiva de buscar consolidar alianças estratégicas e formar um governo de coalizão política".
Diante dos rumores de que seria o novo ministro do Planejamento, Mercadante se apressou em negar essa possibilidade após almoçar com Lula ontem.
"Continuo na liderança do governo, tenho imenso orgulho da minha função e o presidente está satisfeito comigo aqui [no Senado]", disse ele, que deseja ser o candidato do PT ao governo de São Paulo em 2006.
Sobre a possibilidade de o PMDB ocupar mais um ministério, já que o partido está ameaçando sair do governo por sentir-se um aliado de segundo escalão, o líder do governo no Senado disse que "o PMDB tem quadros experientes para ocupar qualquer ministério", mas que essa é uma decisão do presidente Lula.

Em etapas
Diferentemente de como procedeu na reforma ministerial que realizou no início deste ano, paralisando praticamente um mês o governo, Lula está agora fazendo modificações no primeiro escalão em etapas.
Um auxiliar do presidente disse à Folha que Lula está resolvendo um problema de cada vez. Daí, por exemplo, ter nomeado o vice-presidente da República, José Alencar, para o Ministério da Defesa, em substituição a José Viegas, e ontem ter retirado Carlos Lessa do comando do BNDES.
Nas próximas semanas, Lula deverá fazer alterações na área social, seja com modificações no primeiro escalão, seja com mexidas nas esferas inferiores. (FERNANDA KRAKOVICS E KENNEDY ALENCAR)


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