|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VITÓRIA ORTODOXA
Planejamento pode ficar com aliado do ministro da Fazenda
Equipe de Lula deverá mudar mais e Palocci poderá se fortalecer
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), disse ontem que "provavelmente"
haverá outras mudanças na equipe do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, além da presidência do
BNDES e do Ministério do Planejamento, e que nesse processo o
PT deve ceder espaço para outro
partido da base aliada.
"O presidente fez algumas mudanças na equipe e provavelmente fará novas mudanças. Agora
cabe a ele anunciar quais são e o
momento. Tenho certeza de que
ele está escalando a melhor seleção do país para fazer frente a tantos desafios e a tantas oportunidades", disse o senador.
Mercadante não quis antecipar
que tipo de mudança poderia ser
feita, mas o objetivo principal é
atender o PMDB, partido que
ameaça deixar a base governista.
Ontem à noite, dois nomes
eram cotados para assumir o Ministério do Planejamento: o do
ministro Ciro Gomes (Integração
Nacional) e o do deputado Paulo
Bernardo (PT-PR).
O primeiro conta com a resistência do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), que gostaria de
ver no Planejamento o deputado
Paulo Bernardo. A transferência
de Ciro para o Planejamento, porém, abriria uma vaga na Integração Nacional, pasta cobiçada pelos peemedebistas.
Um nome aventado para a Integração Nacional foi o do senador
Renan Calheiros (PMDB-AL),
mas ele mandou dizer ao governo
que seu projeto continua sendo
suceder José Sarney (PMDB-AP)
na presidência do Senado.
O que pode acontecer é Renan
indicar um futuro ministro da Integração Nacional, que se transformaria no terceiro ministério
peemedebista. Com essa nova
pasta na cota do PMDB, o presidente Lula acredita que afasta
qualquer possibilidade de saída
do partido da base aliada.
Hoje, por sinal, Lula tem um
jantar com a bancada dos senadores peemedebistas.
Na hipótese de vingar no Planejamento o nome de um petista,
como o do deputado Paulo Bernardo, Lula pretende demitir outro ministro do PT para acomodar um terceiro nome do PMDB.
No caso, o candidato à degola é o
ministro Olívio Dutra (Cidades).
Questionado se haverá mais espaço para os partidos da base aliada na Esplanada dos Ministérios,
Mercadante disse que "seguramente qualquer mudança vai nessa perspectiva de buscar consolidar alianças estratégicas e formar
um governo de coalizão política".
Diante dos rumores de que seria
o novo ministro do Planejamento, Mercadante se apressou em
negar essa possibilidade após almoçar com Lula ontem.
"Continuo na liderança do governo, tenho imenso orgulho da
minha função e o presidente está
satisfeito comigo aqui [no Senado]", disse ele, que deseja ser o
candidato do PT ao governo de
São Paulo em 2006.
Sobre a possibilidade de o
PMDB ocupar mais um ministério, já que o partido está ameaçando sair do governo por sentir-se
um aliado de segundo escalão, o
líder do governo no Senado disse
que "o PMDB tem quadros experientes para ocupar qualquer ministério", mas que essa é uma decisão do presidente Lula.
Em etapas
Diferentemente de como procedeu na reforma ministerial que
realizou no início deste ano, paralisando praticamente um mês o
governo, Lula está agora fazendo
modificações no primeiro escalão
em etapas.
Um auxiliar do presidente disse
à Folha que Lula está resolvendo
um problema de cada vez. Daí,
por exemplo, ter nomeado o vice-presidente da República, José
Alencar, para o Ministério da Defesa, em substituição a José Viegas, e ontem ter retirado Carlos
Lessa do comando do BNDES.
Nas próximas semanas, Lula
deverá fazer alterações na área social, seja com modificações no
primeiro escalão, seja com mexidas nas esferas inferiores.
(FERNANDA KRAKOVICS E KENNEDY ALENCAR)
Texto Anterior: Administração: Gestão centraliza poder e modifica estrutura Próximo Texto: Última reunião com Lessa libera R$ 841 mi Índice
|