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LEÃO GULOSO
Reajuste traria perda de R$ 1,5 bi a R$ 2 bi por ano ao fisco; governo estuda outras opções para aliviar carga fiscal
Receita descarta correção do IR pela inflação
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cálculos da Receita Federal
mostram que a correção da tabela
do Imposto de Renda das pessoas
físicas pela inflação acumulada no
governo Lula geraria perda de arrecadação de R$ 1,5 bilhão a R$ 2
bilhões por ano. Segundo o fisco,
o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) apurado no período deverá ficar em 17%.
O secretário da Receita, Jorge
Rachid, descarta uma correção
dessa proporção e afirma que várias hipóteses estão sendo concluídas pela área técnica e deverão
ser entregues ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
"Não tem nada definido. Não tem
tendência nenhuma. Estamos fazendo estudos que o ministro levará ao presidente. Estamos avaliando qual é o custo e quem vai
pagar", disse o secretário.
A Receita é contra a correção
pelo índice de inflação, pois seria
uma volta aos tempos da indexação. "Seria um presente de Natal
para as viúvas da correção monetária", afirma Ricardo Pinheiro,
secretário-adjunto da Receita.
A correção da tabela do IR foi
um pedido do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ao ministro
Palocci. Há uma pressão da base
aliada do governo, incluindo deputados e senadores do PT.
Até agora, só estudos
Entre as propostas em estudo,
de acordo com Rachid, estão: correção da tabela de desconto na
fonte; reajuste apenas da faixa de
isenção -hoje em R$ 1.058; criação de alíquota intermediária de
10% ou 12,5%, entre outros percentuais; e aumento no limite da
dedução com educação (hoje, de
R$ 1.998 por pessoa).
Também entraram nas simulações da Receita a modificação do
sistema de deduções das despesas
com saúde e com educação. Hoje,
esses gastos são abatidos diretamente da renda tributável do trabalhador e o imposto, então, é calculado com base na tabela.
Pela proposta, a Receita criaria
uma alíquota única que incidiria
sobre esses gastos. O valor obtido
geraria um crédito, que seria descontado diretamente do imposto
devido pelo contribuinte.
"Atualmente, o bônus da dedução para quem está na faixa de
27,5% é maior do que o de quem
está na de 15%. Com o crédito
abatido diretamente do imposto
devido, o efeito da dedução passa
a ser o mesmo para os dois sujeitos", explicou Rachid.
Com interesse, sai rápido
Na avaliação da Receita, essa
medida embute um viés de justiça
tributária. Já a hipótese de criação
de uma alíquota de 35%, que incidiria sobre salários acima de R$ 10
mil ou R$ 12 mil, é vista com reservas, porque dificilmente seria
aprovada pelo Congresso. A nova
alíquota atingiria em cheio os salários dos parlamentares.
Essa possibilidade, no entanto,
permitiria a redução no imposto
pago pelos contribuintes que ganham menos -a compensação
viria dos que ganham mais. "A
turma de cima pagaria uma redução para a turma de baixo", disse
o secretário.
Pela tabela atual, os rendimentos mensais até R$ 1.058 são isentos do imposto. Acima desse valor
e até R$ 2.115, a alíquota é de 15%.
A faixa salarial acima disso paga
27,5%. Esses valores não incluem
o redutor de R$ 100 que foi criado
em agosto.
O redutor é aplicado sobre a base de cálculo do imposto. O dispositivo foi negociado entre o governo e as centrais sindicais e valerá
até dezembro. Na época, o Executivo assumiu o compromisso com
as centrais de adotar medidas definitivas de alívio na carga fiscal a
partir de 2005.
A transformação do redutor em
mecanismo permanente também
é considerada uma alternativa pela Receita. Neste ano, a perda de
arrecadação com a medida será
de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões. Para o próximo ano, seria
praticamente o dobro.
Para que a promessa feita aos
sindicalistas seja cumprida, o governo precisará aprovar no Congresso um projeto de lei até 31 de
dezembro ou editar uma medida
provisória com as mudanças.
"Tendo interesse, sai rápido", declarou o secretário.
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