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Privatização de estradas deve girar R$ 20 bi
Edital não exigirá participação de empresas de engenharia nem experiência na gestão de concessões rodoviárias
Concessão de 2.601 km de rodovias federais por 25 anos inclui Régis Bittencourt e Fernão Dias; previsão é
que leilão ocorra em março
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um negócio de R$ 20 bilhões
começa a movimentar empreiteiras, bancos, fundos de pensão e de investimentos: a concessão à iniciativa privada, por
25 anos, de 2.601 quilômetros
de rodovias federais -inclusive
os trechos São Paulo-Curitiba
da BR-116 (Régis Bittencourt) e
São Paulo-Belo Horizonte da
BR-381 (Fernão Dias).
O edital da licitação está recebendo os últimos adendos da
ANTT (Agência Nacional de
Transporte Terrestre). A previsão é que o modelo seja divulgado em meados de dezembro e
contemple outras cinco concessões além da Régis Bittencourt e da Fernão Dias. Quanto
ao leilão, a expectativa é a de
que aconteça em março.
"Todos os que são concessionários irão disputar, mas não só
eles, certamente novos grupos
nacionais e estrangeiros se
apresentarão", disse Moacyr
Duarte, presidente da ABCR
(Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias). "Serão uns dez licitantes para cada
lote, no mínimo."
A licitação, comandada oficialmente pela ANTT, é considerada prioridade pelos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento) e Alfredo Nascimento
(Transportes). Os três se empenharam pessoalmente na liberação pelo TCU (Tribunal de
Contas da União) do edital, que
embargou a versão original.
O motivo é simples: a concessão trará uma montanha de dinheiro para os cofres do governo. A estimativa é que o valor
total obtido com o recolhimento de impostos fique em torno
de R$ 9,3 bilhões.
Desde 2003, a licitação rodoviária foi motivo de muitas disputas internas dentro do governo. Segundo representantes do
setor de construção civil, o então ministro dos Transportes,
Anderson Adauto, teria dificultado o leilão, diferentemente
do que pretendia o então secretário-executivo do ministério,
Keiji Kanashiro. O resultado foi
que, nos bastidores, a Casa Civil
acabou responsável por tirar as
concessões do papel.
Concorrência
O documento que vem por aí
não exigirá a participação de
empresas de engenharia nem
experiência na gestão de concessões rodoviárias. As determinações, segundo o superintendente da Exploração da Infra-Estrutura da ANTT, Carlos
Serman, têm por objetivo estimular a concorrência.
"Entendemos que o grande
requisito é a capacidade financeira", afirmou Serman. "Depois que ganhar, o vencedor vai
buscar os parceiros especializados que precisar."
A exemplo do que aconteceu
no edital anterior, o próximo
determina um modelo de leilão
no qual o ganhador precisa
combinar a menor tarifa de pedágio com a maior oferta pela
outorga. Alguns ajustes, no entanto, serão adotados: em vez
de serem abertos primeiro os
envelopes com o lance das tarifas, será julgada primeiro a pré-qualificação.
"A idéia é evitar ao máximo a
possibilidade de conluio", afirmou Serman.
Apesar de o teto das tarifas
ter sido o ponto que levou o
TCU a desconsiderar o edital
antigo -por considerar que ele
seria repassado aos motoristas,
tornando o pedágio muito caro-, a ANTT não deverá fazer
grandes alterações no valor
apresentado anteriormente.
De acordo com estudos da
agência, o teto da tarifa de pedágio para automóveis deve ficar entre R$ 3,00 e R$ 3,50 nos
trechos pequenos. Nos trechos
maiores, a projeção indica algo
entre R$ 4,50 e R$ 5,00. Os reajustes serão anuais e com base
no IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo).
Para o presidente da ABCR,
uma das principais diferenças
entre o novo e o velho edital é a
o fato de a ANTT decidir vincular o investimento ao tráfego
real das rodovias.
Entre os grupos internacionais interessados no leilão, segundo fontes do governo de São
Paulo, os que se mexem mais
rápido são os espanhóis. Ao que
tudo indica, americanos, chilenos, mexicanos, italianos, argentinos e portugueses também tentarão uma concessão.
Mas, em Brasília, segundo a Folha apurou, a candidata tida como forte é mesmo a brasileira
BRVias, pertencente à família
que também é dona da Gol.
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