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Porto de Santos é alvo de "piratas"
Terminal voltou a registrar ataques a embarcações após sete
anos; falta de agentes da PF é apontada como um dos motivos
Polícia registrou cinco
casos de roubos neste ano;
turnos de policiais foram
alterados para tentar
coibir assaltos aos navios
MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
A falta de um número adequado de agentes da Polícia Federal no porto de Santos (85 km
a sudeste de São Paulo) pode
ter sido um dos motivos para o
reaparecimento dos ataques de
"piratas", depois de sete anos
sem registro de ocorrências relevantes. Neste ano, a PF registrou cinco casos de roubos a
embarcações.
De acordo com o chefe da Polícia Federal em Santos, delegado Ariovaldo Peixoto dos Anjos, o número de agentes está
"bem aquém" dos 39 estabelecidos como necessários para
integrar o Nepom (Núcleo Especial de Polícia Marítima),
inaugurado em 1998.
Ele afirmou que não pode citar números por uma questão
de segurança, mas reconhece a
falta de pessoal. "Desde a inauguração [do Nepom], ele não
tem o efetivo previsto em instrução normativa de 39 agentes
e um delegado. Com o passar
dos anos, em vez de aumentar,
o efetivo diminuiu", afirmou.
Segundo o delegado, as causas dos crimes não se restringem à falta de pessoal, mas,
"com efetivo maior, existindo
patrulhamento adequado, a
chance de ocorrer um assalto
diminui consideravelmente".
Insegurança
Até 1998, o porto de Santos
registrava anualmente de 12 a
15 crimes contra embarcações,
o que levou a IMO (Organização Marítima Internacional) a
classificá-lo como inseguro.
Depois disso, a Polícia Federal
criou o Nepom para combater
esse tipo de crime.
Desde então, o porto santista
registrou apenas casos pontuais, considerados de pouca
relevância. Mas, como o número de assaltos voltou a aumentar, a Polícia Federal precisou
tomar algumas medidas para
minimizar o problema.
Os turnos dos servidores, por
exemplo, foram alterados e a
relação entre trabalho e descanso passou de 24 h/72 h para
12 h/36 h. "Domesticamente,
encontramos esse paliativo,
porque a providência que o caso requer é o aumento do efetivo", afirmou ele.
Crimes
De acordo com o delegado, as
ações dos criminosos aconteceram à noite, quando os navios
estavam na barra de Santos
aguardando para atracar.
"São práticas criminosas de
violação de contêineres, roubo
de carga, violência física aos tripulantes."
Apesar de a Polícia Federal
ter registrado cinco casos, o
Sindamar (Sindicato das Agências de Navegação Marítima)
apresenta outro número: 12
crimes.
A diferença pode existir por
dois motivos:
1) o sindicato inclui nas estatísticas todos os casos de invasão a navios;
2) os comandantes de navios
informaram a ocorrência apenas ao sindicato, e não ao órgão
policial.
Credibilidade
Para o vice-presidente do
Sindamar, José Roque, os casos
podem, além de colocar em risco a credibilidade do porto e a
competitividade do exportador
brasileiro, afetar diretamente a
conquista da declaração de
cumprimento do ISPS Code
(Código Internacional de Segurança de Navios e Instalações
Portuárias, na sigla em inglês).
Os inquéritos que investigam
os casos ainda não foram concluídos. Eles devem indicar se
há relação entre os crimes.
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