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Atuação da Nextel turbina leilão de celular de 3ª geração
Ágio chega a 274% no primeiro dia, e Anatel prevê média de 100% no total
Novo serviço dará acesso à internet em alta velocidade e transmissão de imagens; licitação da região de
São Paulo ocorrerá hoje
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O primeiro dia do leilão de
faixas de freqüência de celular
para serviços de 3G (terceira
geração, com acesso em alta velocidade à internet, recebimento de imagens e outros serviços) foi marcado por disputas
acirradas e grande ágio, revelando apetite das empresas em
relação ao mercado brasileiro.
A concorrência mais forte
ontem foi para saber quem oferecerá o serviço para Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e
Sergipe. Vivo, Oi, TIM e Claro
pagaram entre 90% e 274% acima dos preços mínimos.
Com o resultado parcial, a
Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações), que, antes
do leilão, previa ágio médio de
25% em cima do preço mínimo
total, refez suas projeções para
ágio médio de 100%. O leilão recomeça hoje às 9h. A região de
São Paulo, o maior mercado do
país, será leiloada hoje.
O sobrepreço forte nessa fase
do leilão surpreendeu analistas
e o próprio governo. As grandes
operadoras de celular foram
forçadas a fazer propostas cada
vez mais altas por conta da
atuação surpreendente da Nextel -empresa que hoje opera
apenas no mercado corporativo, com 1,187 milhão de clientes
no Brasil. Para analistas e executivos do setor, haveria outro
grande investidor por trás dos
lances da Nextel, possivelmente a Motorola.
A Nextel fez propostas agressivas para os lotes de faixas de
freqüência que disputou, chegando a propor ágios superiores a 100% do preço mínimo. O
mercado avaliava que a empresa teria uma atuação discreta,
porque não teria como arcar
com os custos de universalização (instalação de acessos) nas
áreas definidas pela Anatel. Para alguns Estados onde fez proposta, a Nextel não tem rede
construída. A Nextel não quis
comentar sua estratégia.
A Vivo pagou R$ 310,356 milhões para ter uma faixa de freqüência na área de prestação 1
(Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Bahia e Sergipe), 89,6% acima
do preço mínimo. A Oi ofereceu
R$ 467,9 milhões por outra faixa na mesma região - ágio de
90,5%. Os maiores ágios foram
pagos por TIM (R$ 528 milhões, 222,6%) e Claro (R$ 612
milhões, 273,92%). Ontem a
agência só conseguiu levar a licitação até o primeiro lote da
área 2 (regiões Sul, Centro-Oeste, Tocantins, Rondônia e
Acre). A faixa de freqüência foi
levada pela Vivo, por R$ 528,2
milhões (ágio de 132,2%).
Capacidade maior
Algumas operadoras, como
Vivo e Claro, oferecem serviços
que chamam de 3G em alguns
Estados. Só que as freqüências
que estão sendo ofertadas no
leilão têm muito mais capacidade, permitindo mais serviços. A partir do fim de janeiro,
os vencedores do atual leilão
têm um ano para começar a
oferecer o serviço. A expectativa da Anatel, contudo, é que comece a funcionar em cerca de
três meses onde já há rede.
O presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, que falou
antes do leilão, avalia que,
quando as operadoras aumentarem a sua receita oferecendo
pacotes 3G (recebimento de
imagens, acesso à internet etc.),
deverão reduzir o preço cobrado pela ligações normais. Ou
seja, quem não se interessar ou
não puder pagar pelos novos
serviços e usar o celular só para
ligações normais pode ganhar.
Ainda segundo Sardenberg,
deverá haver ganhos para os
usuários de acesso a internet
em banda larga oferecido por
operadoras de telefonia fixa e
TVs por assinatura. Na avaliação da Anatel, os serviços de 3G
competirão com banda larga
normal e, com isso, reduzirão
os preços dos pacotes.
"O serviço de 3G é a segunda
onda das telecomunicações no
Brasil. A primeira foi em 1998,
com o surgimento do celular
pré-pago", disse. Segundo Sardenberg, o Brasil deve atingir a
marca de 200 milhões de celulares no final de 2014 (hoje, são
116,3 milhões).
Sardenberg confirmou o objetivo do governo, de fazer da
3G instrumento de universalização das telecomunicações.
"A idéia básica é levar a todos
os municípios do país o serviço
de telefonia móvel", disse. Com
base em um ágio de 25% sobre
o preço mínimo total (R$ 2,8 bilhões), ele estimou os investimentos totais das vencedoras
em R$ 10 bilhões - soma que
inclui a compra das autorizações e investimentos para colocar o serviço em operação.
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