São Paulo, quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

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Atuação da Nextel turbina leilão de celular de 3ª geração

Ágio chega a 274% no primeiro dia, e Anatel prevê média de 100% no total

Novo serviço dará acesso à internet em alta velocidade e transmissão de imagens; licitação da região de São Paulo ocorrerá hoje

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro dia do leilão de faixas de freqüência de celular para serviços de 3G (terceira geração, com acesso em alta velocidade à internet, recebimento de imagens e outros serviços) foi marcado por disputas acirradas e grande ágio, revelando apetite das empresas em relação ao mercado brasileiro.
A concorrência mais forte ontem foi para saber quem oferecerá o serviço para Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Vivo, Oi, TIM e Claro pagaram entre 90% e 274% acima dos preços mínimos.
Com o resultado parcial, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que, antes do leilão, previa ágio médio de 25% em cima do preço mínimo total, refez suas projeções para ágio médio de 100%. O leilão recomeça hoje às 9h. A região de São Paulo, o maior mercado do país, será leiloada hoje.
O sobrepreço forte nessa fase do leilão surpreendeu analistas e o próprio governo. As grandes operadoras de celular foram forçadas a fazer propostas cada vez mais altas por conta da atuação surpreendente da Nextel -empresa que hoje opera apenas no mercado corporativo, com 1,187 milhão de clientes no Brasil. Para analistas e executivos do setor, haveria outro grande investidor por trás dos lances da Nextel, possivelmente a Motorola.
A Nextel fez propostas agressivas para os lotes de faixas de freqüência que disputou, chegando a propor ágios superiores a 100% do preço mínimo. O mercado avaliava que a empresa teria uma atuação discreta, porque não teria como arcar com os custos de universalização (instalação de acessos) nas áreas definidas pela Anatel. Para alguns Estados onde fez proposta, a Nextel não tem rede construída. A Nextel não quis comentar sua estratégia.
A Vivo pagou R$ 310,356 milhões para ter uma faixa de freqüência na área de prestação 1 (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe), 89,6% acima do preço mínimo. A Oi ofereceu R$ 467,9 milhões por outra faixa na mesma região - ágio de 90,5%. Os maiores ágios foram pagos por TIM (R$ 528 milhões, 222,6%) e Claro (R$ 612 milhões, 273,92%). Ontem a agência só conseguiu levar a licitação até o primeiro lote da área 2 (regiões Sul, Centro-Oeste, Tocantins, Rondônia e Acre). A faixa de freqüência foi levada pela Vivo, por R$ 528,2 milhões (ágio de 132,2%).

Capacidade maior
Algumas operadoras, como Vivo e Claro, oferecem serviços que chamam de 3G em alguns Estados. Só que as freqüências que estão sendo ofertadas no leilão têm muito mais capacidade, permitindo mais serviços. A partir do fim de janeiro, os vencedores do atual leilão têm um ano para começar a oferecer o serviço. A expectativa da Anatel, contudo, é que comece a funcionar em cerca de três meses onde já há rede.
O presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, que falou antes do leilão, avalia que, quando as operadoras aumentarem a sua receita oferecendo pacotes 3G (recebimento de imagens, acesso à internet etc.), deverão reduzir o preço cobrado pela ligações normais. Ou seja, quem não se interessar ou não puder pagar pelos novos serviços e usar o celular só para ligações normais pode ganhar.
Ainda segundo Sardenberg, deverá haver ganhos para os usuários de acesso a internet em banda larga oferecido por operadoras de telefonia fixa e TVs por assinatura. Na avaliação da Anatel, os serviços de 3G competirão com banda larga normal e, com isso, reduzirão os preços dos pacotes.
"O serviço de 3G é a segunda onda das telecomunicações no Brasil. A primeira foi em 1998, com o surgimento do celular pré-pago", disse. Segundo Sardenberg, o Brasil deve atingir a marca de 200 milhões de celulares no final de 2014 (hoje, são 116,3 milhões).
Sardenberg confirmou o objetivo do governo, de fazer da 3G instrumento de universalização das telecomunicações.
"A idéia básica é levar a todos os municípios do país o serviço de telefonia móvel", disse. Com base em um ágio de 25% sobre o preço mínimo total (R$ 2,8 bilhões), ele estimou os investimentos totais das vencedoras em R$ 10 bilhões - soma que inclui a compra das autorizações e investimentos para colocar o serviço em operação.


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