São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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Gás da Bolívia vai custar até US$ 460 mi a mais ao Brasil

Petrobras fecha acordo após dois anos de discussões

DA SUCURSAL DO RIO

Após dois anos de discussões, a Petrobras cedeu e aceitou pagar de US$ 300 milhões a US$ 460 milhões adicionais à estatal boliviana YPFB pelo fornecimento de gás natural.
O primeiro pagamento, de US$ 100 milhões e referente ao gás vendido em 2007, será realizado ainda neste ano, informou ontem Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da estatal brasileira.
Outros dois desembolsos, cujos valores ficarão entre US$ 100 milhões e US$ 180 milhões, serão feitos no primeiro trimestre de 2010.
Desse modo, a estatal liquida as dívidas de 2008 e de 2009. Os recursos, diz Foster, já estão provisionados como perdas no balanço da Petrobras.
Além do pagamento extraordinário, Foster anunciou o reajuste trimestral de 7% no preço do gás, correção já prevista no contrato e que não tem a ver como o acerto de contas.
Desde a nacionalização do setor de gás na Bolívia, em 2005, o governo de Evo Morales pleiteava a revisão do contrato de suprimento, válido até 2019, e cobrava um reajuste.
A Petrobras rejeitava a hipótese. Sensibilizado pelo colega boliviano e com o intuito de ampliar sua força na região, o presidente Lula fechou um acordo e aceitou o reajuste.
O aumento foi dado sob a forma de valorização do produto -batizado pelo governo do país vizinho como "gás rico".
Desse modo, a Petrobras não precisou revisar o contrato, que prevê o volume a ser importado (de, no máximo, 30 milhões de metros cúbicos/dia) e a fórmula de correção do preço.
O contrato não foi mudado. A Petrobras fez um aditivo que introduziu esse pagamento extra pelos chamados "componentes nobres do gás". São moléculas como o butano (usado na fabricação do gás de cozinha) ou o líquido de gás natural, uma espécie de gasolina.
Ontem, Foster disse que a estatal negociou por dois anos uma fórmula para mensurar o quanto será pago por essas "frações" mais "ricas" do gás. Ela não precisou, porém, em quanto o gás ficará mais caro. Disse apenas que o custo adicional não será repassado aos consumidores (industriais e residenciais). "Vamos comprimir a nossa margem." (PEDRO SOARES)


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