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Gás da Bolívia vai custar até US$ 460 mi a mais ao Brasil
Petrobras fecha acordo após dois anos de discussões
DA SUCURSAL DO RIO
Após dois anos de discussões,
a Petrobras cedeu e aceitou pagar de US$ 300 milhões a US$
460 milhões adicionais à estatal boliviana YPFB pelo fornecimento de gás natural.
O primeiro pagamento, de
US$ 100 milhões e referente ao
gás vendido em 2007, será realizado ainda neste ano, informou ontem Maria das Graças
Foster, diretora de Gás e Energia da estatal brasileira.
Outros dois desembolsos, cujos valores ficarão entre US$
100 milhões e US$ 180 milhões,
serão feitos no primeiro trimestre de 2010.
Desse modo, a estatal liquida
as dívidas de 2008 e de 2009.
Os recursos, diz Foster, já estão
provisionados como perdas no
balanço da Petrobras.
Além do pagamento extraordinário, Foster anunciou o reajuste trimestral de 7% no preço
do gás, correção já prevista no
contrato e que não tem a ver como o acerto de contas.
Desde a nacionalização do
setor de gás na Bolívia, em
2005, o governo de Evo Morales pleiteava a revisão do contrato de suprimento, válido até
2019, e cobrava um reajuste.
A Petrobras rejeitava a hipótese. Sensibilizado pelo colega
boliviano e com o intuito de
ampliar sua força na região, o
presidente Lula fechou um
acordo e aceitou o reajuste.
O aumento foi dado sob a forma de valorização do produto
-batizado pelo governo do país
vizinho como "gás rico".
Desse modo, a Petrobras não
precisou revisar o contrato, que
prevê o volume a ser importado
(de, no máximo, 30 milhões de
metros cúbicos/dia) e a fórmula de correção do preço.
O contrato não foi mudado. A
Petrobras fez um aditivo que
introduziu esse pagamento extra pelos chamados "componentes nobres do gás". São moléculas como o butano (usado
na fabricação do gás de cozinha) ou o líquido de gás natural,
uma espécie de gasolina.
Ontem, Foster disse que a estatal negociou por dois anos
uma fórmula para mensurar o
quanto será pago por essas "frações" mais "ricas" do gás. Ela
não precisou, porém, em quanto o gás ficará mais caro. Disse
apenas que o custo adicional
não será repassado aos consumidores (industriais e residenciais). "Vamos comprimir a
nossa margem."
(PEDRO SOARES)
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